São Paulo, sexta-feira, 16 de agosto de 2002 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A força da comunidade
FRANCISCO NEVES
A ação dessas pessoas, não tenho dúvida, vai levar a novas conquistas. É o comprometimento delas que pressiona hospitais e autoridades para dar maior suporte ao tratamento de crianças e adolescentes, contratar oncologistas pediátricos, comprar equipamentos mais modernos e a investir na construção de Centros de Alta Complexidade em Oncologia. Conhecidos como Cacons, esses hospitais são referência no tratamento de câncer e somam 46 no país, segundo pesquisa da Fundação Banco do Brasil. O número não é desprezível, mas há um problema: a maioria deles está concentrada no Sudeste, principalmente em São Paulo. Permitir que todo o jovem com câncer receba tratamento em seu Estado é, portanto, um dos desafios que temos pela frente. Outro, ainda mais árduo, é elevar o índice de diagnóstico do câncer infanto-juvenil, hoje na casa de 64,7%. Isso significa que, a cada ano, cerca de 2.500 novos casos não são diagnosticados nessa faixa etária. Sem nenhuma chance diante da doença, esses garotos e garotas, em sua maioria carentes, respondem por dois terços dos 3.800 óbitos causados pelo câncer anualmente entre menores de idade. Ao conseguirmos detectar esses casos a tempo, 1.750 vidas serão salvas. Seria fácil culpar o governo por tal tragédia. No entanto, é preciso lembrar, o Brasil é um país de recursos limitados. Sendo assim, a força e a determinação da comunidade têm, aqui, importância extraordinária na superação de dificuldades. A sociedade brasileira compreende isso e vem assumindo o papel de agente de transformação social. A fonoaudióloga Laura Bierrenbach -também voluntária do Graac (Grupo de Apoio à Criança e ao Adolescente com Câncer)- é prova disso. Que seu exemplo, e o de milhares de outros cidadãos brasileiros, prospere. E que eles continuem seguindo as lições de São Francisco de Assis: "Comece fazendo o que é necessário, depois o que é possível e, de repente, você estará fazendo o impossível". Francisco Neves, 52, engenheiro, é secretário-executivo do Instituto Ronald McDonald. Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Isaias Raw: Saúde, biotecnologia e auto-suficiência Próximo Texto: Painel do Leitor Índice |
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