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RECUPERAÇÃO ASSIMÉTRICA
No segundo trimestre deste
ano, o crescimento da economia norte-americana foi estimulado
pela expansão de 44,1% nos gastos
militares em decorrência da guerra
no Iraque, o que elevou o déficit público para US$ 455 bilhões, algo como 4% do PIB. A política fiscal e monetária expansionista contribuiu para o crescimento dos gastos em consumo não-duráveis e dos investimentos produtivos, que apresentaram o primeiro trimestre positivo
após dez trimestres em queda. O
mercado de trabalho, no entanto,
ainda não emitiu sinais de melhora.
O excesso de capacidade produtiva
instalada em diversos setores também é um fator a dificultar a retomada dos investimentos e do crescimento. Em junho, o grau de utilização da capacidade produtiva na indústria manufatureira americana era
de 72,8% em termos médios.
Diante desse quadro, o comitê de
política monetária do Federal Reserve, banco central dos EUA, manteve a
taxa de juro básica inalterada em 1%
ao ano, em sua última reunião. Em
comunicado claro e direto, o Fed voltou a alertar para os riscos da deflação, uma vez que os preços ao atacado têm apresentado tendência de
queda desde julho de 2002.
A autoridade monetária americana
sinalizou que as taxas de juros deverão permanecer no atual patamar
por um "período considerável" -ao
menos até o segundo trimestre do
próximo ano. O objetivo é influenciar a curva de juros futuros, contendo a elevação dos títulos de dez anos
do Tesouro, que subiram de 3,1% ao
ano em 13 de junho para 4,6% no início de agosto. O aumento estava sendo repassado para as hipotecas de 30
anos, encarecendo o financiamento
imobiliário, um dos setores que vêm
sustentando a atividade.
A curva dos juros futuros tornou-se
fundamental para o desempenho da
economia norte-americana. Se eles
caírem, a recuperação ganhará
maior fôlego. Caso contrário, a elevação no custo do crédito poderá arrefecer a dinâmica econômica, sobretudo a imobiliária, e afetar as
perspectivas de crescimento.
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