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VINICIUS TORRES FREIRE
Petismo-lulismo, caricatura da direita
SÃO PAULO - Os achaques mais autoritários do governo de FHC costumavam durar pouco. Depois de uma certa grita da sociedade, as pessoas
mais razoáveis do governo, a começar pelo próprio presidente, em geral
davam conta do vexame e recolhiam
às jaulas seus projetos de tiranetes.
Coisas mefíticas como a horrenda repressão militar da greve dos petroleiros (1995), o excesso de medidas provisórias e o hábito de enterrar escândalos ficaram, é verdade.
O governo Lula não só dá apoio encarniçado a macaquices autoritárias
como encarna, defende, propõe e
quer institucionalizar várias delas,
além de herdar com gosto a mania de
decretar leis e o projeto tucano de lei
da mordaça, que pretende aleijar os
procuradores de Justiça.
O governo quer proibir servidores
públicos de falar com jornalistas.
Quer invadir à vontade o sigilo bancário e fiscal de empresas. Quer meter
o dedo na produção audiovisual. Dá
guarida ao projeto de um de seus
braços sindicais de criar um comitê
de salvação pública com poder de
mandar à guilhotina jornalistas que
não agradem à pelegada medíocre e
a seus chefes no PT. Trata-se de facilidade herdada da organização sindical do país, corporativista quase fascista, mantida com gosto e usufruto
pelo petismo-lulismo.
Não se trata de uma investida autoritária, de um ataque pontual a liberdades. É um padrão de comportamento do petismo-lulismo, sério candidato a praticante da realpolitik mais cínica que já se viu neste país de
descaramentos.
O petismo-lulismo encarna as caricaturas que a pior direita faz da esquerda. Mente e diz o contrário do
que pregava meses antes. Aparelha
órgãos e cargos públicos com voracidade rara até neste país de PFLs e
PMDBs. A propaganda vai além da
marquetagem e maquiagem política
normais. É estratégia de governo, que
se esmera na fabricação de rótulos
para frascos vazios, como o Fome Zero, Primeiro Emprego etc.
Lula não havia feito gesto nenhum
pelo avanço institucional, democrático. Agora, quer minar as precárias liberdades do país. O que vem depois?
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