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FERNANDO RODRIGUES
A nova "carta" de Lula
BRASÍLIA - O PT prepara uma versão social da "Carta ao Povo Brasileiro", documento que Lula divulgou em 22 de junho de 2002, ainda candidato a presidente.
Há dois anos, o documento serviu
para o PT e Lula assegurarem aos
banqueiros que respeitariam as regras da ortodoxia tucana. Tinha seis
páginas e 1.757 palavras, mas só uma
frase relevante. Era a que falava sobre como seria a mudança de governo: "Premissa dessa transição será
naturalmente o respeito aos contratos e obrigações do país".
Funcionou. Os banqueiros sossegaram. Lula ganhou a eleição.
Agora, quase dois anos de arrocho
depois, a " intelligentsia" petista considera ter chegado o momento de
uma "Carta dos Direitos Sociais". O
texto está sendo negociado com o governo. Será anunciado até o final
deste mês. A tempo de alavancar as
campanhas a prefeito de petistas.
Com o país crescendo de 4% a 5%
neste ano, o documento será a bandeira do PT para tentar resgatar um
pedaço de sua imagem que ficou perdido em algum canto da estrada desde a eleição de Lula.
Deverá incluir e explicitar o que são
os conceitos e compromissos petistas
sobre saúde, educação e transporte
coletivo. O projeto de renda mínima
de Eduardo Suplicy estará lá.
Ancorado em muito marketing, o
documento será uma espécie de
idéia-força nas campanhas de petistas neste ano. Será usado também
para martelar no imaginário do eleitor a necessidade de reeleger Lula
mais adiante, em 2006.
Tudo somado, na vida real, é pastel
de vento puro, legítimo. Vai funcionar então? Depende.
No caso da "Carta ao Povo Brasileiro", o prometido foi entregue. Os juros estratosféricos pagos por Palocci-Meirelles deram lucros fantásticos às
instituições financeiras. No caso dos
direitos sociais, não está claro exatamente qual será a entrega da mercadoria. Muita gente no PT acha que só
o crescimento da economia basta. No
curto prazo, vá lá. Depois, vira só
uma aposta arriscada.
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