São Paulo, terça-feira, 16 de agosto de 2005

Próximo Texto | Índice

À ESPERA DO COPOM

O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decide amanhã se corta ou não a taxa básica de juros. De setembro do ano passado ao último mês de maio, os juros passaram de 16% para 19,75% ao ano. O intuito do BC era enfrentar uma inflação que, impulsionada por choques de oferta e realimentada por tarifas e preços administrados, ameaçava fugir ao objetivo de 5,1%, estabelecido para este ano.
Uma série de fatores tem contribuído para tornar viável a tarefa de cumprir a meta revista pelo BC -que há poucos meses parecia bastante difícil. O principal deles parece ser a cotação do dólar, que atingiu patamares extremamente baixos.
Eficaz para conter os movimentos de elevação de preços, a taxa de câmbio em vigor, no entanto, é insustentável quando se pensa na necessidade de o país dar prosseguimento ao processo de ampliação do seu comércio externo e de geração de elevados superávits na balança comercial.
Em que pesem os bons resultados das exportações, a própria equipe econômica sabe que eles tendem a ser incompatíveis com a permanência do real assim tão valorizado.
Está fora de questão que muito do atual nível da taxa de câmbio se explica pelo excesso de liquidez nos mercados financeiros internacionais e pelas estratosféricas taxas de juros oferecidas pelo Brasil, que atraem capitais em busca de superlucros.
Trata-se de uma armadilha que precisa, o quanto antes, começar a ser desmontada. A economia brasileira já pagou caro por desatinos cambiais, e seria uma insensatez imperdoável repetir velhos erros.
Obviamente que o Brasil precisaria enfrentar a questão dos juros com um enfoque estrutural, criando as condições para uma queda substancial de patamar. Mas talvez seja exigir demais da atual equipe econômica.
Perfeitamente factível, porém, nesse momento em que a inflação se mostra em evidente desaceleração, é dar início a um processo paulatino de corte da Selic -embora a maioria dos analistas creia que mesmo isso o Copom irá deixar para setembro.


Próximo Texto: Editoriais: AVANÇO APARENTE
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.