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À ESPERA DO COPOM
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decide amanhã se corta ou não
a taxa básica de juros. De setembro
do ano passado ao último mês de
maio, os juros passaram de 16% para
19,75% ao ano. O intuito do BC era
enfrentar uma inflação que, impulsionada por choques de oferta e realimentada por tarifas e preços administrados, ameaçava fugir ao objetivo
de 5,1%, estabelecido para este ano.
Uma série de fatores tem contribuído para tornar viável a tarefa de cumprir a meta revista pelo BC -que há
poucos meses parecia bastante difícil. O principal deles parece ser a cotação do dólar, que atingiu patamares extremamente baixos.
Eficaz para conter os movimentos
de elevação de preços, a taxa de câmbio em vigor, no entanto, é insustentável quando se pensa na necessidade de o país dar prosseguimento ao
processo de ampliação do seu comércio externo e de geração de elevados superávits na balança comercial.
Em que pesem os bons resultados
das exportações, a própria equipe
econômica sabe que eles tendem a
ser incompatíveis com a permanência do real assim tão valorizado.
Está fora de questão que muito do
atual nível da taxa de câmbio se explica pelo excesso de liquidez nos mercados financeiros internacionais e
pelas estratosféricas taxas de juros
oferecidas pelo Brasil, que atraem capitais em busca de superlucros.
Trata-se de uma armadilha que
precisa, o quanto antes, começar a
ser desmontada. A economia brasileira já pagou caro por desatinos
cambiais, e seria uma insensatez imperdoável repetir velhos erros.
Obviamente que o Brasil precisaria
enfrentar a questão dos juros com
um enfoque estrutural, criando as
condições para uma queda substancial de patamar. Mas talvez seja exigir
demais da atual equipe econômica.
Perfeitamente factível, porém, nesse momento em que a inflação se
mostra em evidente desaceleração, é
dar início a um processo paulatino
de corte da Selic -embora a maioria
dos analistas creia que mesmo isso o
Copom irá deixar para setembro.
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