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ELIANE CANTANHÊDE
Nem "fora Lula", nem "volta FHC"
BRASÍLIA - Diálogo entre um integrante da CPI dos Correios e um ministro, em encontro casual num restaurante de Brasília, mostra bem o
atual maniqueísmo político.
Do parlamentar: "Quando a gente
abrir as contas do Duda Mendonça, o
Lula cai".
Do ministro: "O Lula não vai cair
nunca, porque é o melhor presidente
que o país já teve. O país cresce, os
empregos aumentam, e o Bolsa-Família é o maior programa de distribuição de renda do mundo".
Esse é o clima, radicalizado, às vezes irracional. Para voltar à racionalidade: nem é tão simples derrubar
Lula, nem o governo está uma maravilha. Há um baita constrangimento
com esse esquema espantoso de distribuição de dinheiro a partir de
Marcos Valério e os atos individuais
de corrupção promovidos por próceres do PT -Land Rover, cueca, malas, pacotes, apartamentos. Mas ninguém sabe onde isso tudo vai dar.
Lula está frágil, diminuído, isolado,
mas nem existem dados concretos,
nem há sequer a vontade de derrubá-lo. Cá pra nós, ninguém vê um movimento "volta FHC". Quem lucraria
com o impeachment?
Aliás, se alguém quer atingir a política econômica não é a oposição.
Mais provável que sejam a nova cúpula do PT e o vice-presidente José
Alencar. Palocci que se cuide. Não só
porque o fogo amigo é implacável como há um Buratti voando por aí nos
ares das CPIs.
Com esse clima de radicalização,
pode começar, já, já, outro tipo de
"guerra": a das manifestações. Hoje é
dia de CUT, MST e UNE fazerem
passeata a favor de Lula. Amanhã é a
vez de partidos de esquerda, como
PSol e PSTU, contra. Hoje, Lula estará em Brasília. Amanhã, escapole
convenientemente para a Bahia.
Reunidas ontem no Congresso, as
oposições concluíram o óbvio: impeachment vem de fora para dentro,
ou seja, das ruas para o Congresso.
Ou não. O destino de Lula não está
nas mãos dos deputados e senadores,
mas de Sua Excelência, o povo.
@ - elianec@uol.com.br
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