São Paulo, segunda-feira, 16 de setembro de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Violência e política
"Todos os candidatos à Presidência querem a construção de presídios federais, como se fosse a solução para o fim da criminalidade. Ora, já há previsão para a criação desses presídios desde 1966, no artigo 85 da lei nš 5.010. Além disso, consta do penúltimo Plano Nacional de Segurança, que não saiu do papel.
As tais prisões federais servem para abrigar apenas presos que foram julgados pela Justiça Federal e não os que apresentam periculosidade. Ou seja, os candidatos não estão dizendo nada de novo e o que propõem, certamente, não são as soluções que todos esperam."
Marcia Souza (São Paulo, SP)

 

"Muito feliz o artigo do jornalista Clóvis Rossi de 13/9 ("O fracasso mais redondo", Opinião, pág. A2). Ousamos acrescentar às ponderações do articulista a falta de vontade política demonstrada pelo sr. Fernando Henrique Cardoso no combate ao crime organizado. No episódio envolvendo a possível intervenção no Espírito Santo -motivada em decorrência da influência desmedida do crime organizado-, o presidente preferiu influenciar contrariamente os procedimentos que levariam adiante aquela intervenção, numa demonstração de falta de vontade para tomar um decisão de tamanha importância."
José Carlos Frigatto (Osasco, SP)


Reforma previdenciária
"O discurso do presidente FHC na última sexta-feira no BNDES foi, no mínimo, infeliz. Acusar o Judiciário de ser responsável pelos possíveis atrasos na reforma do sistema previdenciário é ridículo. Acusar aqueles que procuraram a via judicial (a única que resta ao cidadão) de corporativistas é, também, descabido.
O Judiciário, quando barrou as tentativas de alteração no setor, principalmente aquelas que desrespeitavam direitos adquiridos, o fez pela observância de que essas mudanças continham ilegalidade ou desrespeito à Constituição."
Floro Sant'ana de Andrade Neto (Maceió, AL)


Guerra preventiva
"George W. Bush vai fazer um ataque preventivo contra o Iraque. Israel faz ataques preventivos contra o terrorismo na Palestina. A Rússia avisa que vai atacar, preventivamente, a Geórgia. Índia e Paquistão pensam em quem pode prevenir-se antes. Meu vizinho comprou um filhote de pit bull. Acho que vou deixar meu doberman pular o muro em um ataque preventivo contra a fera do futuro. Isso, se o veneno do meu outro vizinho não matar o meu cão, que ele detesta, preventivamente. A paz mundial está por um fio."
Henrique Torres (São Paulo, SP)

 

"Cada vez mais, torna-se iminente o risco de ataques americanos ao Iraque, porém vale ressaltar que os Estados Unidos, com a doutrina de ataques preventivos, viola expressamente o atual conjunto de normas que regem a relação entre os Estados. Um ataque preventivo ao Iraque seria ilegal e traria inúmeras consequências desagradáveis à América, extremamente dependente da produção petrolífera oriental."
Luciano De Paoli (São Paulo, SP)


Eleições
"Nestes tempos de campanha eleitoral, tenho pensado nos enormes prejuízos causados ao país pela paralisação das atividades no Congresso Nacional. Ocupados em se reeleger, os ilustres congressistas continuam a receber seus honrosos vencimentos, enquanto urgentes reformas aguardam votação. Entendo que seria indicada a suspensão dos salários dos parlamentares candidatos e, de algum modo, a manutenção de agenda em que sejam colocados para apreciação os temas relevantes para o Brasil."
Leonardo Severino (Uberlândia, MG)

 

"A primeira lição a ser aprendida por partidos políticos deve ser a dos limites do uso do espaço público. Quem mora em São Paulo vem observando indignado o desrespeito ao uso de cartazes, faixas e pichações de candidatos em campanha eleitoral nos postes, nas pontes e nos muros da cidade. A paisagem urbana é um direito coletivo. A liberdade de expressão deve estar garantida, mas poluir nossas ruas não é senão disputar a irritação de nós, eleitores. Fazer da cidade um varal de se envergonhar não contribui para a democracia. Essa sobreposição de informações não passa de um débil modo de persuasão."
Paulo Olivato (São Paulo, SP)


Direito de fumar
"É decepcionante um jornal da importância da Folha dedicar tanto espaço para falar do fumo de cigarros (edição de ontem da Revista da Folha). Fumar não degrada, não arruína ninguém nem causa acidentes automobilísticos. Diferentemente das bebidas alcoólicas, que são anunciadas livremente e têm seu uso incentivado. Há fumantes perfeitamente saudáveis aqui e mundo afora, inclusive no Japão, onde mais se fuma per capita e a longevidade é a maior do mundo, segundo a própria Organização Mundial da Saúde. Fumo dois maços por dia há 44 anos e, aos 59 anos, tenho saúde perfeita. Minha mulher fuma e fumou na gravidez dos nossos dois filhos, que nasceram perfeitos, não adoecem e não são obesos. E hoje fumam."
Bob Sharp (São Paulo, SP)


Legado indesejável
"No primeiro semestre deste ano, quando o Corinthians ganhou dois grandes títulos, o técnico Wanderley Luxemburgo, então no Palmeiras, foi à imprensa dizer que deveria ser considerado um dos responsáveis por aquele sucesso, pois teria plantado suas "sementes" na passagem pelo alvinegro em 2001. Eu queria saber se ele também se considera responsável pela situação crítica em que está o Palmeiras. Ele plantou todas as sementes: mandou embora jogadores que agora estão se dando bem em outras equipes e fez o alviverde perder todo o trabalho de pré-temporada, obrigando os treinadores seguintes a tentar arrumar o time com o campeonato em andamento. Os frutos são bem conhecidos: o Palmeiras ameaçado de rebaixamento."
Paulo Roberto Maturano Santoro (São Paulo, SP)


Impostos e privilégios
"Enquanto a população de comuns mortais paga uma das cargas tributárias mais pesadas do planeta, os funcionários públicos, mormente os marajás, geram um déficit em sua previdência privilegiada. Não é à toa que o país está às voltas com o "desemprego tributário", pois às empresas assoladas pela carga fiscal de Primeiro Mundo, não restam os devidos recursos para investir. E, depois, surgem as idéias de reforma tributária, sempre para aumentar a arrecadação em vez de cortar os desperdícios do governo."
Marx Golgher (Belo Horizonte, MG)


Globalização linguística
"Folheando os jornais, desperta a atenção a propaganda de imóveis à venda e seus nomes. Mais de 80 % deles carregam nomes em inglês, francês ou italiano, como se batizar imóveis com nomes tupiniquins fosse uma vergonha. O problema é que o comprador enche a boca para pronunciar um nome estrangeiro e, na hora do endereço, ele tem nomes brasileiríssimos, como Periquitos, Maracatins, Emboabas. Minha sugestão é que peçam às prefeituras para que mudem também os nomes dos endereços. Assim, um nome brega de passarinho de uma rua pode ser trocado para Bush ou Clinton Street, Piazza Milano ou qualquer coisa parecida, desde que torne o endereço mais chique e combine com o nome da obra."
Laércio Zanini (Garça, SP)



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