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PAINEL DO LEITOR
Violência e política
"Todos os candidatos à Presidência
querem a construção de presídios federais, como se fosse a solução para o fim
da criminalidade. Ora, já há previsão para a criação desses presídios desde 1966,
no artigo 85 da lei nš 5.010. Além disso,
consta do penúltimo Plano Nacional de
Segurança, que não saiu do papel.
As tais prisões federais servem para
abrigar apenas presos que foram julgados pela Justiça Federal e não os que
apresentam periculosidade. Ou seja, os
candidatos não estão dizendo nada de
novo e o que propõem, certamente, não
são as soluções que todos esperam."
Marcia Souza (São Paulo, SP)
"Muito feliz o artigo do jornalista Clóvis Rossi de 13/9 ("O fracasso mais redondo", Opinião, pág. A2). Ousamos
acrescentar às ponderações do articulista a falta de vontade política demonstrada pelo sr. Fernando Henrique Cardoso
no combate ao crime organizado. No
episódio envolvendo a possível intervenção no Espírito Santo -motivada
em decorrência da influência desmedida
do crime organizado-, o presidente
preferiu influenciar contrariamente os
procedimentos que levariam adiante
aquela intervenção, numa demonstração de falta de vontade para tomar um
decisão de tamanha importância."
José Carlos Frigatto (Osasco, SP)
Reforma previdenciária
"O discurso do presidente FHC na última sexta-feira no BNDES foi, no mínimo, infeliz. Acusar o Judiciário de ser
responsável pelos possíveis atrasos na reforma do sistema previdenciário é ridículo. Acusar aqueles que procuraram a
via judicial (a única que resta ao cidadão)
de corporativistas é, também, descabido.
O Judiciário, quando barrou as tentativas de alteração no setor, principalmente
aquelas que desrespeitavam direitos adquiridos, o fez pela observância de que
essas mudanças continham ilegalidade
ou desrespeito à Constituição."
Floro Sant'ana de Andrade Neto
(Maceió, AL)
Guerra preventiva
"George W. Bush vai fazer um ataque
preventivo contra o Iraque. Israel faz ataques preventivos contra o terrorismo na
Palestina. A Rússia avisa que vai atacar,
preventivamente, a Geórgia. Índia e Paquistão pensam em quem pode prevenir-se antes. Meu vizinho comprou um
filhote de pit bull. Acho que vou deixar
meu doberman pular o muro em um
ataque preventivo contra a fera do futuro. Isso, se o veneno do meu outro vizinho não matar o meu cão, que ele detesta, preventivamente. A paz mundial está
por um fio."
Henrique Torres (São Paulo, SP)
"Cada vez mais, torna-se iminente o
risco de ataques americanos ao Iraque,
porém vale ressaltar que os Estados Unidos, com a doutrina de ataques preventivos, viola expressamente o atual conjunto de normas que regem a relação entre
os Estados. Um ataque preventivo ao
Iraque seria ilegal e traria inúmeras consequências desagradáveis à América, extremamente dependente da produção
petrolífera oriental."
Luciano De Paoli (São Paulo, SP)
Eleições
"Nestes tempos de campanha eleitoral,
tenho pensado nos enormes prejuízos
causados ao país pela paralisação das atividades no Congresso Nacional. Ocupados em se reeleger, os ilustres congressistas continuam a receber seus honrosos
vencimentos, enquanto urgentes reformas aguardam votação. Entendo que seria indicada a suspensão dos salários dos
parlamentares candidatos e, de algum
modo, a manutenção de agenda em que
sejam colocados para apreciação os temas relevantes para o Brasil."
Leonardo Severino
(Uberlândia, MG)
"A primeira lição a ser aprendida por
partidos políticos deve ser a dos limites
do uso do espaço público. Quem mora
em São Paulo vem observando indignado o desrespeito ao uso de cartazes, faixas e pichações de candidatos em campanha eleitoral nos postes, nas pontes e
nos muros da cidade. A paisagem urbana é um direito coletivo. A liberdade de
expressão deve estar garantida, mas poluir nossas ruas não é senão disputar a
irritação de nós, eleitores. Fazer da cidade um varal de se envergonhar não contribui para a democracia. Essa sobreposição de informações não passa de um
débil modo de persuasão."
Paulo Olivato (São Paulo, SP)
Direito de fumar
"É decepcionante um jornal da importância da Folha dedicar tanto espaço para falar do fumo de cigarros (edição de
ontem da Revista da Folha). Fumar não
degrada, não arruína ninguém nem causa acidentes automobilísticos. Diferentemente das bebidas alcoólicas, que são
anunciadas livremente e têm seu uso incentivado. Há fumantes perfeitamente
saudáveis aqui e mundo afora, inclusive
no Japão, onde mais se fuma per capita e
a longevidade é a maior do mundo, segundo a própria Organização Mundial
da Saúde. Fumo dois maços por dia há
44 anos e, aos 59 anos, tenho saúde perfeita. Minha mulher fuma e fumou na
gravidez dos nossos dois filhos, que nasceram perfeitos, não adoecem e não são
obesos. E hoje fumam."
Bob Sharp (São Paulo, SP)
Legado indesejável
"No primeiro semestre deste ano,
quando o Corinthians ganhou dois grandes títulos, o técnico Wanderley Luxemburgo, então no Palmeiras, foi à imprensa dizer que deveria ser considerado um
dos responsáveis por aquele sucesso,
pois teria plantado suas "sementes" na
passagem pelo alvinegro em 2001. Eu
queria saber se ele também se considera
responsável pela situação crítica em que
está o Palmeiras. Ele plantou todas as sementes: mandou embora jogadores que
agora estão se dando bem em outras
equipes e fez o alviverde perder todo o
trabalho de pré-temporada, obrigando
os treinadores seguintes a tentar arrumar o time com o campeonato em andamento. Os frutos são bem conhecidos: o
Palmeiras ameaçado de rebaixamento."
Paulo Roberto Maturano Santoro
(São Paulo, SP)
Impostos e privilégios
"Enquanto a população de comuns
mortais paga uma das cargas tributárias
mais pesadas do planeta, os funcionários
públicos, mormente os marajás, geram
um déficit em sua previdência privilegiada. Não é à toa que o país está às voltas
com o "desemprego tributário", pois às
empresas assoladas pela carga fiscal de
Primeiro Mundo, não restam os devidos
recursos para investir. E, depois, surgem
as idéias de reforma tributária, sempre
para aumentar a arrecadação em vez de
cortar os desperdícios do governo."
Marx Golgher (Belo Horizonte, MG)
Globalização linguística
"Folheando os jornais, desperta a atenção a propaganda de imóveis à venda e
seus nomes. Mais de 80 % deles carregam nomes em inglês, francês ou italiano, como se batizar imóveis com nomes
tupiniquins fosse uma vergonha. O problema é que o comprador enche a boca
para pronunciar um nome estrangeiro e,
na hora do endereço, ele tem nomes brasileiríssimos, como Periquitos, Maracatins, Emboabas. Minha sugestão é que
peçam às prefeituras para que mudem
também os nomes dos endereços. Assim, um nome brega de passarinho de
uma rua pode ser trocado para Bush ou
Clinton Street, Piazza Milano ou qualquer coisa parecida, desde que torne o
endereço mais chique e combine com o
nome da obra."
Laércio Zanini (Garça, SP)
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