|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CORRIDA TABAGISTA
Entre a saúde e o dinheiro. É
assim que se pode resumir o
embate, que deverá ressurgir com
força no próximo ano, entre normas
mais rígidas para o controle do tabaco e as pressões para a realização do
GP de Fórmula 1 em São Paulo.
No primeiro choque, em 2003, o
dinheiro, representado pelo circo da
F-1 e seus patrocinadores, saiu vitorioso. Para garantir que a corrida se
realizasse no autódromo de Interlagos, o então recém-empossado governo do PT baixou medida provisória casuísta que suspendia, até 31 de
julho de 2005, efeitos da lei que bane
a propaganda de cigarros em eventos
esportivos em todo o país.
De fato, a manobra permitiu que
ocorressem as corridas de 2003 e a
deste ano, prevista para o dia 24 de
outubro, mas não alcançará a prova
de 2005. O calendário da Federação
Internacional de Automobilismo
não prevê a realização do GP do Brasil antes de outubro do próximo ano,
quando, em tese, a propaganda de
cigarros voltará a estar proibida em
eventos esportivos.
A MP dos cigarros não atentou unicamente contra a saúde, mas também contra as mais elementares noções de republicanismo. Com efeito,
a medida provisória editada às pressas pelo Executivo representou uma
sabotagem à lei aprovada pelo Congresso. Quando se considera que a
legislação desrespeitada é uma peça
que visa à preservação da saúde, sobretudo a de jovens influenciáveis pelo glamour dos grandes eventos esportivos, configura-se um grave e indefensável retrocesso.
Não se propugna por soluções extremadas como a proibição do cigarro. Já a propaganda de tabaco, esta é
indefensável. É inadmissível que se
incentive, com a anuência do poder
público, o uso de uma droga com alto poder de viciar e que comprovadamente causa grandes malefícios à
saúde. É de esperar que um novo
atentado contra o interesse público
não seja perpetrado pelo PT.
Texto Anterior: Editoriais: DECISÃO EQUIVOCADA Próximo Texto: São Paulo - Clóvis Rossi: Os juros são de Lula Índice
|