São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2004

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CORRIDA TABAGISTA

Entre a saúde e o dinheiro. É assim que se pode resumir o embate, que deverá ressurgir com força no próximo ano, entre normas mais rígidas para o controle do tabaco e as pressões para a realização do GP de Fórmula 1 em São Paulo.
No primeiro choque, em 2003, o dinheiro, representado pelo circo da F-1 e seus patrocinadores, saiu vitorioso. Para garantir que a corrida se realizasse no autódromo de Interlagos, o então recém-empossado governo do PT baixou medida provisória casuísta que suspendia, até 31 de julho de 2005, efeitos da lei que bane a propaganda de cigarros em eventos esportivos em todo o país.
De fato, a manobra permitiu que ocorressem as corridas de 2003 e a deste ano, prevista para o dia 24 de outubro, mas não alcançará a prova de 2005. O calendário da Federação Internacional de Automobilismo não prevê a realização do GP do Brasil antes de outubro do próximo ano, quando, em tese, a propaganda de cigarros voltará a estar proibida em eventos esportivos.
A MP dos cigarros não atentou unicamente contra a saúde, mas também contra as mais elementares noções de republicanismo. Com efeito, a medida provisória editada às pressas pelo Executivo representou uma sabotagem à lei aprovada pelo Congresso. Quando se considera que a legislação desrespeitada é uma peça que visa à preservação da saúde, sobretudo a de jovens influenciáveis pelo glamour dos grandes eventos esportivos, configura-se um grave e indefensável retrocesso.
Não se propugna por soluções extremadas como a proibição do cigarro. Já a propaganda de tabaco, esta é indefensável. É inadmissível que se incentive, com a anuência do poder público, o uso de uma droga com alto poder de viciar e que comprovadamente causa grandes malefícios à saúde. É de esperar que um novo atentado contra o interesse público não seja perpetrado pelo PT.


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