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Freada discreta
FMI projeta economia mundial em moderada desaceleração em 2007; desequilíbrio entre EUA e Ásia é maior fator de risco
A EXPANSÃO vigorosa da
economia mundial no
primeiro semestre de
2006 levou o FMI a
elevar sua projeção de crescimento no ano como um todo de
4,9% para 5,1%. O "Panorama
Econômico Mundial", divulgado
nesta semana, prevê desaceleração moderada para 2007, quando a economia mundial cresceria
4,9% e se completariam cinco
anos consecutivos de expansão.
No cenário para 2006, os EUA
crescem 3,4%; a área do euro,
2,4%; e o Japão, 2,7%. Em conjunto, os países avançados avançam 3,1%. As nações em desenvolvimento apresentam desempenho superior: as economias
industrializadas da Ásia (Coréia,
Hong Kong, Taiwan, Cingapura)
crescem 4,9% e os outros emergentes, 7,3%, impulsionados por
China (10%) e Índia (8,3%).
O renitente crescimento da demanda global gera pressões inflacionárias, ao reduzir a capacidade produtiva ociosa na indústria e estimular um ciclo de alta
nas commodities, sobretudo as
metálicas e o petróleo. Tal quadro levou os bancos centrais das
principais áreas monetárias a
aumentar suas taxas de juros.
O aumento da inflação e o
aperto monetário resultaram em
turbulências nos mercados financeiros, em particular em
maio e junho. A partir de julho,
no entanto, esses movimentos
perderam força, e a volatilidade
financeira diminuiu.
Os fluxos de capitais para os
emergentes, incluindo o Brasil,
podem atingir US$ 211,4 bilhões
em 2006, sob a liderança dos investimentos diretos. Tendo feito
seu ajuste e reforçado suas reservas internacionais, os países em
desenvolvimento ficaram menos
vulneráveis aos humores erráticos da finança global.
Esse cenário de desaceleração
moderada da economia global
parece o mais provável, mas evidentemente, não está isento de
riscos e incertezas. Persistem os
grandes desequilíbrios comerciais entre os EUA, que consomem demais, e o resto do mundo, que poupa demais. Os dólares
economizados por estes voltam
para Wall Street e financiam os
gastos americanos.
A grande pergunta, que continua sem resposta, é até quando
poderá persistir essa dinâmica
altamente assimétrica da economia mundial, que beneficia os
EUA. O risco de turbulências
existe, mas permanecerá latente
no horizonte visível enquanto as
instituições americanas continuarem a dar mostras de que
têm recursos e poder para manter-se no centro do sistema econômico do planeta.
Outras potências podem se
formar e construir alianças que
ameacem a liderança dos EUA.
Especula-se muito sobre a emergência da China e de um bloco de
países populosos, razoavelmente
industrializados e de território
vasto: Índia, Rússia e Brasil. Se a
importância econômica e geopolítica desse grupo vai crescer a
ponto de mudar a correlação de
forças desta que tem sido, desde
1945, a "era americana", é uma
dúvida que só o passar das décadas será capaz de esclarecer.
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