|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FERNANDO RODRIGUES
A qualidade da vitória
BRASÍLIA - A nova discussão na
praça é sobre o tamanho da eventual vitória de Lula. As pesquisas
mostram que o petista pode arrasar
no Nordeste, mas ficará sofrível no
Sul e no Sudeste.
Essa assimetria na votação, diz a
tese, fragilizará o futuro possível segundo mandato de Lula. Mais ou
menos. Não há na história elementos para corroborar a teoria.
Collor venceu com uma votação
estupenda em 1989. Menos de três
anos depois, sofreu o impeachment
e foi apeado do poder.
Em 1994 e 1998, FHC foi vitorioso no primeiro turno, mas até seu
Plano Real demorou anos para ser
completamente aprovado pelo
Congresso, sobrevivendo apenas na
base de reedição de MPs.
Lula enfrentou um segundo turno em 2002. Venceu e governou esses quatro anos com uma base de
apoio invertebrada no Congresso.
Deu-se bem por causa da estabilidade econômica, ainda que o crescimento do país tenha sido medíocre.
O ponto a ser observado não é
propriamente se sulistas estarão
torcendo o nariz para Lula. O fato
relevante é o tamanho da bancada
de deputados e de senadores fiéis ao
petista pós-eleição.
Fale com um tucano ou um pefelista e o cenário previsto é o do caos.
Trata-se mais de um desejo do que
de uma realidade passível de comprovação científica.
Se Lula vencer, uma massa amorfa de 150 deputados de partidos nanicos ficará do lado do poder. Como
a cláusula de desempenho inviabilizará as siglas pequenas e não-ideológicas, esse agrupamento deve migrar para as legendas pró-Lula
-notoriamente o PMDB.
É real a chance de Lula começar
2007 com uma bancada a seu favor,
pelo menos no papel, muito maior
do que a de 2003. E aí pouco importará a votação menor recebida pelo
petista no Sul e no Sudeste.
frodriguesbsb@uol.com.br
Texto Anterior: São Paulo - Clóvis Rossi: O mundo de Lula Próximo Texto: Rio de Janeiro - Luiz Fernando Vianna: Ausências Índice
|