São Paulo, sábado, 16 de setembro de 2006

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FERNANDO RODRIGUES

A qualidade da vitória

BRASÍLIA - A nova discussão na praça é sobre o tamanho da eventual vitória de Lula. As pesquisas mostram que o petista pode arrasar no Nordeste, mas ficará sofrível no Sul e no Sudeste.
Essa assimetria na votação, diz a tese, fragilizará o futuro possível segundo mandato de Lula. Mais ou menos. Não há na história elementos para corroborar a teoria.
Collor venceu com uma votação estupenda em 1989. Menos de três anos depois, sofreu o impeachment e foi apeado do poder.
Em 1994 e 1998, FHC foi vitorioso no primeiro turno, mas até seu Plano Real demorou anos para ser completamente aprovado pelo Congresso, sobrevivendo apenas na base de reedição de MPs.
Lula enfrentou um segundo turno em 2002. Venceu e governou esses quatro anos com uma base de apoio invertebrada no Congresso. Deu-se bem por causa da estabilidade econômica, ainda que o crescimento do país tenha sido medíocre.
O ponto a ser observado não é propriamente se sulistas estarão torcendo o nariz para Lula. O fato relevante é o tamanho da bancada de deputados e de senadores fiéis ao petista pós-eleição.
Fale com um tucano ou um pefelista e o cenário previsto é o do caos. Trata-se mais de um desejo do que de uma realidade passível de comprovação científica. Se Lula vencer, uma massa amorfa de 150 deputados de partidos nanicos ficará do lado do poder. Como a cláusula de desempenho inviabilizará as siglas pequenas e não-ideológicas, esse agrupamento deve migrar para as legendas pró-Lula -notoriamente o PMDB.
É real a chance de Lula começar 2007 com uma bancada a seu favor, pelo menos no papel, muito maior do que a de 2003. E aí pouco importará a votação menor recebida pelo petista no Sul e no Sudeste.


frodriguesbsb@uol.com.br

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