São Paulo, quinta-feira, 16 de setembro de 2010

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ELIANE CANTANHÊDE

Um dia, a Casa Civil cai

BRASÍLIA - Erenice Guerra era da liderança do PT na Câmara, uma fábrica de dossiês contra Collor, Itamar, FHC, Ibsen Pinheiro (que despontava como presidenciável) -enfim, contra tudo e todos.
Dali, os dossiês vazavam para as redações e para as então temidas CPIs, de boa lembrança. Os autores eram os "puros"; os que caíam na rede eram os "impuros". Com o tempo, autores, vítimas e réus foram se misturando perigosamente.
Não há mais "puros", a população conclui que todos são "impuros".
Da fábrica de dossiês, Erenice pulou para a Secretaria de Segurança Pública do DF no governo Cristovam Buarque (então PT), enquanto usava laranjas para abrir justamente uma empresa privada de investigação, segurança e vigilância. Ou seja: de dossiês.
E não é que ela foi galgando degraus até chegar ao Palácio do Planalto, aboletar-se como secretária-executiva na principal pasta do governo e dali fabricar o dossiê, ops!, o "banco de dados" contra Ruth e Fernando Henrique Cardoso?
Os chefes, Lula e Dilma, devem ter gostado muito dela e dos seus préstimos: depois de uma vida inteira de dossiês, Erenice foi promovida a ministra-chefe da Casa Civil.
Ela, porém, tem chance zero de ser mantida nesse ou em algum outro cargo, porque se esqueceu de uma coisa: quem araponga, arapongado será. Principalmente se tiver rabo preso e uma árvore genealógica enraizada pela máquina pública, de onde caem de maduros filhos, irmãos, afilhados e aparentados, alguns envolvidos com lobby e imiscuindo-se na bandidagem.
Um dia, a Casa (Civil) cai. Não é a primeira e possivelmente não será a última vez, principalmente com esse "projeto político" que José Dirceu anuncia por aí.

 

Ao ameaçar largar a entrevista na CNT no meio, sem motivo, Serra mostra que lhe falta algo fundamental a um presidente da República: equilíbrio emocional.

elianec@uol.com.br


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