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REFORMA PALACIANA
Não condiz com o espírito republicano a maneira como está sendo conduzida a reforma do Palácio da Alvorada. Tudo teve início
num constrangedor passeio pelo interior do prédio, capitaneado pelo
primeiro mandatário, no qual o estado de algumas das dependências e
instalações foi exposto em detalhes a
um grupo de empresários da área de
infra-estrutura, recebido para um almoço palaciano no mês de junho. Ali
mesmo acertou-se que os empresários se cotizariam para levantar os recursos necessários ao restauro, estimado em R$ 16 milhões. Seria oportuno conhecer os detalhes para julgar se essa quantia não é elevada para
os propósitos a que se destina.
Agora, às vésperas do início das
obras, noticia-se a adesão de novas
empresas ao mutirão. Formou-se
um "pool" de 23 companhias, que
diluirá o papel dos empreiteiros, inicialmente apresentados como os
únicos responsáveis pela obra.
Na próxima terça, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva receberá os
financiadores em jantar, desta vez na
Granja do Torto (que, esperemos, se
encontre em bom estado), para que
tomem conhecimento de um "plano
de comunicação" com vistas ao
acompanhamento dos trabalhos.
Prevê-se a criação de uma página na
internet na qual serão exibidas as diversas etapas da empreitada.
O palácio da Alvorada, projetado
pelo arquiteto Oscar Niemeyer para
ser a residência oficial do presidente
da República, integra o patrimônio
histórico, cultural e arquitetônico do
país e é um símbolo da República
que, sem dúvida, precisa ser preservado -mas não apenas fisicamente.
Se há necessidade de obras, elas deveriam custeadas com recursos públicos e de forma transparente, mediante a devida licitação.
Infelizmente, não é o que se tem
observado. A Presidência escolheu
um caminho que autoriza os cidadãos brasileiros a ver na iniciativa um
caso de promiscuidade entre as esferas pública e privada. A despeito das
boas intenções que possam motivar
os envolvidos, a reforma em tudo se
assemelha a uma ação entre amigos.
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