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ÓCIO PARLAMENTAR
Ao que tudo indica, em janeiro próximo haverá nova
convocação extraordinária do Congresso Nacional, medida que beneficia os parlamentares com dois salários extras e, neste ano, representou
mais R$ 50 milhões em gastos públicos. A previsão baseia-se no fato de
que os trabalhos legislativos estão
extremamente atrasados.
Na última semana, a Câmara completou dois meses sem realizar votações importantes, colocando em risco a aprovação no segundo semestre
de projetos relevantes, como a Lei de
Falências e a de Biossegurança.
Como se sabe, o principal motivo
da ociosidade parlamentar são as
eleições municipais, que levam deputados e senadores a participar de
campanhas em suas cidades e regiões, mantendo, no entanto, os salários a que fazem jus para cumprir
suas funções no Congresso.
O calendário do Legislativo precisa
ser repensado. Caso as votações
ocorressem nos prazos fixados, os
parlamentares teriam três meses de
férias por ano, sem mencionar que
não são poucos os que folgam às segundas e sextas.
O objetivo dos recessos parlamentares é permitir deslocamentos e
maior atenção dos políticos em relação a suas bases. Talvez isso fizesse
sentido em outros tempos, mas,
com as facilidades de comunicação e
deslocamento hoje existentes (e as
passagens são pagas com verba pública), o argumento não se sustenta.
É também intolerável a benesse salarial autoconcedida para os casos de
convocação extraordinária. Essas situações, que só podem ser consideradas pela sociedade como privilégios, contribuem apenas para desgastar ainda mais a imagem da classe política.
Lamentavelmente, clamar por mudanças nesse regime equivale a pregar no deserto. Ou será que chegará
o dia em que parlamentares votarão
contra suas próprias vantagens e interesses materiais?
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