São Paulo, sábado, 16 de outubro de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Greve e governo
"Gostaria de manifestar o meu repúdio ao governo federal em relação à greve dos bancários. Jamais esperava um tratamento tão injusto por parte do senhor presidente Lula, que já foi sindicalista, bem como de seus ministros, que também já se esqueceram do passado. Tudo bem, senhor presidente, mas, na próxima eleição, nós nos lembraremos de todos os seus atos no tratamento dado aos trabalhadores. Realmente o PT tem de mudar de nome urgentemente. Trabalhadores não merecem esse tratamento."
José Pedro dos Santos (São Paulo, SP)

Eleição 2004
"O quadro "As taxas de Marta" (Eleições 2004, pág. A4, 14/10) dá a entender que o IPTU aumentou de 1% para 1,8% na cidade com a implementação do IPTU progressivo. Mas não foi isso o que aconteceu. Para a maioria da população que paga IPTU, o imposto, na verdade, diminuiu, e muita gente passou a ficar isenta do pagamento do imposto. Os aumentos no IPTU foram minoria. Está aí um bom assunto para ser tirado a limpo antes do segundo turno!"
Luciana Branco (São Paulo, SP)

 

"A neutralidade editorial da Folha certamente não permitirá que seus colunistas expressem em seus artigos as suas opiniões sobre o vencedor do debate realizado pela TV Bandeirantes entre os candidatos à Prefeitura de São Paulo. Para um espectador não-comprometido com a isenção, entretanto, não há qualquer dúvida: Serra foi, de longe, o grande vencedor. Quando eu ouvi Marta dizer que o Brasil ocupa, em termos de saúde pública, o "cento e onze lugar", percebi logo que o seu nervosismo não era apenas aparente, mas chegava a ponto de impedir a formulação de um raciocínio lógico sobre qualquer tema e sobre a elaboração de frases claras. E aquela história ridícula de que "o Serra embaralha tudo, só pensa em número'? A prefeita deu a impressão de que conhecer o Orçamento da cidade é coisa perfeitamente dispensável a quem pretenda ocupar o cargo. Pretendeu transformar uma virtude em um defeito."
Rozane Mendes (Porto Alegre, RS)

 

"No texto "A mulher e a prefeita" (Opinião, pág. A2, 13/10), Clóvis Rossi constata: "Com 48% de ótimo/bom para sua gestão na prefeitura e mais 33% de regular, Marta Suplicy deveria estar dando um passeio na eleição paulistana. No entanto está sendo torturada". Feita a constatação, ele questiona se as dificuldades eleitorais da prefeita devem ser atribuídas à sua arrogância, à separação de Eduardo Suplicy, ao casamento com um argentino ou ao preconceito dos eleitores. As causas expostas pelo autor, na verdade, são conseqüências da cobertura "jornalística" feita por grande parte da imprensa (incluindo esta Folha), que não estimula o leitor/eleitor a refletir sobre as propostas e realizações dos candidatos. Se não fosse assim, como um candidato cuja principal argumentação se resume a "fazer funcionar o que já existe" (como se fosse possível prometer o contrário) poderia estar à frente nas pesquisas? Como alguém sem propostas para a cidade -um "pastel" (como diria o Zé Simão) "de vento" (eu acrescentaria)- teria chance de derrotar uma prefeita bem avaliada pela população?"
Airton Goes (São Paulo, SP)

 

"Fiquei estarrecido com o despreparo da nossa prefeita para debater os assuntos relativos à Prefeitura de São Paulo. O PT mais uma vez dá provas de que nasceu para ser oposição, pois não tem nenhum feito a ser defendido mais importante do que acusar o governo de FHC."
Gilberto Orsi Machado Júnior (São Paulo, SP)

 

"Falam da "Martaxa", mas quero saber sobre o "Alckmista" dos pedágios. O que são R$ 6 da taxa de lixo, que é recolhido sistematicamente das nossas lixeiras, se comparados aos R$ 30 para andar 130 quilômetros na rodovia dos Bandeirantes até chegar a Limeira? O que é o lixo de uma cidade como São Paulo, que traz problemas e mais problemas para a saúde, perto da estrada que já era bem cuidada pelo Estado? Taxa é o preço absurdo e abusivo dos pedágios. Isso, sim, é roubo ao cidadão."
Amanda Martins (São Paulo, SP)

 

"Acho intrigante a declaração do candidato José Serra de que pretende extinguir a taxa do lixo caso ganhe a eleição. Desde o começo da corrida eleitoral, o candidato do PSDB vem advertindo sobre a grave situação financeira do município. Então, como ele pretende substituir a receita oriunda da taxa do lixo? Será que irá pedir ajuda ao governador Geraldo Alckmin?"
Alexandre Matos (São Paulo, SP)

À lixeira, não ao vizinho
"Lamentável, cínico e maniqueísta o artigo do senhor Nelson Motta na edição de ontem ("Sonho de Rosinha, pesadelo carioca", Opinião, pág. A2). Quando varremos o lixo de nossa casa, seu destino é a lata do lixo, não a casa do vizinho. Lugar de traficante é nos presídios. É fato notório que os barões da droga no Rio de Janeiro não estão alojados nas favelas e nos morros, mas, sim, em suntuosos condomínios fechados na Barra da Tijuca ou em gigantescos apartamentos na Vieira Souto. O leão da Receita, que ruge ferozmente contra o assalariado, não emite um simples miado contra os financiadores do tráfico, que fazem parte da elite carioca -muitos deles locupletados com o mundo artístico. E, para finalizar, quem financia a droga é o usuário, que posa de vítima do sistema, mas não faz nada para abandonar o seu vício maldito."
Vicente Carneiro Filho (São Paulo, SP)

Pisoteadas
"A liberação da soja transgênica, por um lado, e o fracasso da greve dos bancários, por outro, evidencia mais uma vez o predomínio social das elites ruralistas e dos banqueiros. A cada dia vê-se as antigas bandeiras populares serem pisoteadas uma a uma em nome do progresso. Talvez seja o momento de lembrar que o progresso alcançado à custa da saúde e da liberdade é como a riqueza adquirida às expensas da honra: uma dupla infâmia."
Ezio Flavio Bazzo (Brasília, DF)

Judiciário
"A posição do ministro Edson Vidigal, presidente do STJ, a respeito da (des)necessidade de sigilo quando de investigação envolvendo juízes ("STJ critica sigilo em investigação que envolve juiz", Brasil, 14/10), não é embasada na opinião dos magistrados estaduais. Sua Excelência, certamente por nunca ter sido juiz, desconhece que não há empate quando se julgam das demandas. Proferida a sentença, uma das partes vence a causa, enquanto a outra perde. Na maioria dos casos, a parte que perdeu culpa o juiz, que, imagina ela, a teria prejudicado para beneficiar o outro litigante. Seguem-se, como é comum, denúncias infundadas na Corregedoria de Justiça com o único intuito de retaliar o magistrado, cujo único "pecado" foi ter decidido a causa. Para ter uma idéia do que acontece, não são raras as denúncias contra magistrados com a acusação de que este teria julgado a demanda muito rapidamente. A proposta do ministro equivale, então, a dar repercussão pública a atos meramente retaliatórios -comuns, é verdade- quando rejeitada pretensão judicialmente manifestada."
Carlos Augusto de Barros Levenhagen, juiz, presidente da Associação dos Magistrados Mineiros (Belo Horizonte, MG)


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