São Paulo, sábado, 16 de novembro de 2002

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CSN PÓS-PRIVATIZAÇÃO

A saga da Companhia Siderúrgica Nacional chega a um ponto que resume, dramaticamente, alguns dos equívocos das reformas econômicas dos últimos anos.
Privatizada no início de 1993, o "dinossauro" da era Vargas tornou-se um modelo de ajuste: cortes significativos na folha de pagamentos e ganhos de eficiência serviam como a demonstração de que o Estado deve retirar-se de atividades produtivas.
Feito o saneamento, em 1997 a empresa foi usada pelo grupo Vicunha como alavanca para comprar participação na Cia. Vale do Rio Doce.
No lugar do projeto de reforma empresarial e das expectativas de um novo ciclo de investimentos produtivos, predominou a dimensão financeira da empresa, caracterizada pelo xadrez dos cruzamentos acionários e pelas armações especulativas no tabuleiro das privatizações.
A privatização da CSN foi insuficiente. Conflitos pelo seu controle se tornaram mais notórios que o seu papel no desenvolvimento do país.
As negociações com a empresa Corus, agora abortadas, são mais um capítulo da fase melancólica em que a ausência de políticas de longo prazo fragilizou a própria tese, em si louvável, de que a privatização levaria à modernização da economia.
Completando o ciclo, sem perspectivas de solução privada para a sua crise, a CSN provavelmente voltará ao "colo" do Estado.
Afinal, mesmo na hipótese hoje muito otimista de que haja grupos nacionais interessados numa fusão com a CSN, parece inevitável que a engenharia financeira passe pelo BNDES e mesmo por outros gabinetes do governo federal.
Essa empresa é crucial para a economia, a começar pelo seu papel como fornecedora de insumos para a indústria automobilística. Seu destino merece uma urgente mas ponderada reflexão. Sua história ensina que privatizar pode ser necessário, mas está longe de ser suficiente para abrir novos horizontes de desenvolvimento para a economia brasileira.



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