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CSN PÓS-PRIVATIZAÇÃO
A saga da Companhia Siderúrgica Nacional chega a um ponto que resume, dramaticamente, alguns dos equívocos das reformas
econômicas dos últimos anos.
Privatizada no início de 1993, o "dinossauro" da era Vargas tornou-se
um modelo de ajuste: cortes significativos na folha de pagamentos e ganhos de eficiência serviam como a
demonstração de que o Estado deve
retirar-se de atividades produtivas.
Feito o saneamento, em 1997 a empresa foi usada pelo grupo Vicunha
como alavanca para comprar participação na Cia. Vale do Rio Doce.
No lugar do projeto de reforma empresarial e das expectativas de um
novo ciclo de investimentos produtivos, predominou a dimensão financeira da empresa, caracterizada pelo
xadrez dos cruzamentos acionários e
pelas armações especulativas no tabuleiro das privatizações.
A privatização da CSN foi insuficiente. Conflitos pelo seu controle se
tornaram mais notórios que o seu
papel no desenvolvimento do país.
As negociações com a empresa Corus, agora abortadas, são mais um
capítulo da fase melancólica em que
a ausência de políticas de longo prazo fragilizou a própria tese, em si
louvável, de que a privatização levaria
à modernização da economia.
Completando o ciclo, sem perspectivas de solução privada para a sua
crise, a CSN provavelmente voltará
ao "colo" do Estado.
Afinal, mesmo na hipótese hoje
muito otimista de que haja grupos
nacionais interessados numa fusão
com a CSN, parece inevitável que a
engenharia financeira passe pelo
BNDES e mesmo por outros gabinetes do governo federal.
Essa empresa é crucial para a economia, a começar pelo seu papel como fornecedora de insumos para a
indústria automobilística. Seu destino merece uma urgente mas ponderada reflexão. Sua história ensina que
privatizar pode ser necessário, mas
está longe de ser suficiente para abrir
novos horizontes de desenvolvimento para a economia brasileira.
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