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LUCIANO MENDES DE ALMEIDA
Sal e luz
O Santo Padre tem diante dele a
multidão de jovens do mundo inteiro. Na 5ª feira, 14/11, acaba de dirigir
sua palavra amiga e inspirada aos
membros do Parlamento da Itália, colocando em evidência os valores da família, da justiça e da concórdia.
Acompanha atentamente a situação
entre Estados Unidos e Iraque e acaba
de lançar um veemente apelo às forças
na Colômbia que sequestraram o bispo dom Jorge Carvajal, presidente do
Conselho Episcopal Latino-Americano. Em Roma, sucedem-se as audiências e contatos com as autoridades religiosas e políticas das mais diversas
nações. Todos desejam encontrar o
mensageiro da paz.
No entanto, nesta fase de sua vida de
sucessor de Pedro, há uma especial solicitude para com os jovens. O pronunciamento mais corajoso deu-se
em 28/7 no Parque de Downsview, em
Toronto, quando se reuniram no Canadá mais de 1 milhão de jovens, provenientes de 170 países. Naquela ocasião, João Paulo 2º proclamou que o
"mundo tem necessidade dos jovens".
"O mundo precisa de sal da terra e da
luz do mundo".
Há duas semanas, no "Dia Mundial
Missionário" (20/11), insistiu novamente na missão dos cristãos, que devem, com generosidade e coragem,
anunciar Jesus Cristo, salvador da humanidade. É aos jovens, mais uma
vez, que convoca para que sejam sal e
luz neste mundo.
O sal não só conserva o alimento,
mas dá gosto à comida. A intenção do
Papa é de mostrar à juventude quais
os valores que dão sentido à vida. É
preciso, com efeito, ajudar os jovens a
perceber o vazio de certas atrações
efêmeras e descobrir o que torna feliz
a existência humana. Nos últimos
anos, cresceu entre os jovens o uso
descontrolado da bebida e da droga,
destruindo anos de vida. Há poucos
dias os jornais publicaram que o álcool é a causa maior de diminuição da
saúde e da precocidade da morte. A
ninguém passa despercebido como a
liberdade sexual falseia o verdadeiro
sentido da doação amorosa. Permanece ainda a busca desenfreada de
bens materiais, facilitando o recurso
ao crime, ao sequestro e à violência.
Compreendemos, assim, o zelo e o
afeto com que João Paulo 2º se dirige
aos jovens, procurando que voltem
seu olhar para Jesus Cristo e sua mensagem de vida plena, abrindo horizontes de eternidade e já nesta Terra
revelando o sabor dos valores evangélicos: a gratuidade do amor, a força do
perdão, o serviço aos mais pobres, a
fraternidade e o empenho por condições dignas de vida para todos. Cristo
é que dá sentido à existência humana.
Ele é o sal e a luz. Mas ele comunica a
seus discípulos o dever de continuar a
sua missão acolhendo no coração o sal
da sabedoria e a luz divina. Onde há
desgosto e trevas é aí que falta o testemunho de vida dos cristãos.
O Papa João Paulo, ao contemplar os
bilhões de jovens, sente a missão de
convocá-los para a ação de transformar e iluminar a nossa geração.
Pensemos no Brasil. Somos um país
-graças a Deus- com forte presença jovem. Muitos receberam, desde
cedo, em suas famílias, a mensagem
cristã. É chegado o momento de assumir com entusiasmo a conversão da
sociedade egoísta, desigual e atraída
por miragens do neoliberalismo, a fim
de que se abra para a solidariedade da
partilha, a simplicidade de costumes,
a reconciliação e o profundo respeito à
vida. Acreditamos que os nossos governantes se sentirão chamados a dar
exemplo de uma sociedade justa e fraterna, Mas depende de cada um, especialmente dos jovens, que o sal e a luz
de Cristo penetrem no coração e na vida do nosso povo.
Dom Luciano Mendes de Almeida escreve aos
sábados nesta coluna.
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