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CARLOS HEITOR CONY
Caras novas
RIO DE JANEIRO - Se a eleição de Lula não tivesse nenhum mérito, pelo
menos um favor ficaríamos devendo
a ele: a chegada de caras novas ao cenário político e administrativo do
país. Os oito anos de FHC criaram
uma modorra na paisagem pública,
as mesmas caras, todos os dias, dizendo quase sempre as mesmas coisas contra ou a favor da situação, que
em linhas gerais era a mesma.
Honra seja feita a Collor que, à sua
maneira, também promoveu um desfile de novas caras, gente que a gente
nem suspeitava existir. Aquela primeira aparição da equipe econômica
liderada por Zélia Cardoso de Mello
foi uma coisa. Um dos ministros, de
origem árabe, nem falava corretamente o português. Ficamos sabendo
do confisco de nossos depósitos bancários e poupanças de forma mais
caótica do que o próprio caos provocado pelo único tiro do governo para
matar a fera da inflação.
Felizmente, o desfile durou pouco
no tempo, embora tenha sido muito o
estrago provocado pela turma que,
de maneira genérica, foi rotulada de
República de Canapi.
Veio depois a República do Pão de
Queijo, com algumas caras novas,
mas não todas. Também duraram
pouco e algumas permaneceram em
cena e em cena continuaram nos oito
anos seguintes.
Temos agora a turma do PT, que
não pode ser confundida com uma
futura "República de São Bernardo
do Campo", uma vez que o partido é
realmente nacional, embora sejam
estranhos os nomes e os rostos dos
personagens que estão subindo ao
primeiro escalão.
Torço sinceramente para que tudo
dê certo. Mas ainda não me habituei
com Lula, cujo rosto não chega a ser
novo, mas cujo discurso, além de novo, muitas vezes é inesperado.
Que tudo corra bem para ele e para
nós.
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