São Paulo, sábado, 16 de novembro de 2002

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CARLOS HEITOR CONY

Caras novas

RIO DE JANEIRO - Se a eleição de Lula não tivesse nenhum mérito, pelo menos um favor ficaríamos devendo a ele: a chegada de caras novas ao cenário político e administrativo do país. Os oito anos de FHC criaram uma modorra na paisagem pública, as mesmas caras, todos os dias, dizendo quase sempre as mesmas coisas contra ou a favor da situação, que em linhas gerais era a mesma.
Honra seja feita a Collor que, à sua maneira, também promoveu um desfile de novas caras, gente que a gente nem suspeitava existir. Aquela primeira aparição da equipe econômica liderada por Zélia Cardoso de Mello foi uma coisa. Um dos ministros, de origem árabe, nem falava corretamente o português. Ficamos sabendo do confisco de nossos depósitos bancários e poupanças de forma mais caótica do que o próprio caos provocado pelo único tiro do governo para matar a fera da inflação.
Felizmente, o desfile durou pouco no tempo, embora tenha sido muito o estrago provocado pela turma que, de maneira genérica, foi rotulada de República de Canapi.
Veio depois a República do Pão de Queijo, com algumas caras novas, mas não todas. Também duraram pouco e algumas permaneceram em cena e em cena continuaram nos oito anos seguintes.
Temos agora a turma do PT, que não pode ser confundida com uma futura "República de São Bernardo do Campo", uma vez que o partido é realmente nacional, embora sejam estranhos os nomes e os rostos dos personagens que estão subindo ao primeiro escalão.
Torço sinceramente para que tudo dê certo. Mas ainda não me habituei com Lula, cujo rosto não chega a ser novo, mas cujo discurso, além de novo, muitas vezes é inesperado.
Que tudo corra bem para ele e para nós.



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