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Brasil equidistante
SHIMON PERES , chefe de Estado de Israel, acaba de concluir uma visita de cinco
dias ao Brasil. Na próxima sexta-feira desembarca no país o presidente da Autoridade Nacional
Palestina, Mahmoud Abbas, e
daqui a uma semana o iraniano
Mahmoud Ahmadinejad.
A série de visitas vem ao encontro do desejo do governo brasileiro de ganhar relevância na
política internacional. Afinal,
ainda que por motivos tortos, o
Oriente Médio é um dos principais palcos da diplomacia mundial, dada a relevância dos conflitos ali existentes. Sob essa perspectiva, não é esdrúxula a ambição do Brasil de desenvolver interlocução com os governos daquela conturbada região.
"Bola da vez" no imaginário internacional e nas apostas econômicas, o Brasil apareceu no radar
de Israel e da ANP em seu permanente trabalho de relações
públicas. O chanceler israelense,
Avigdor Liberman, por sua vez,
tem como estratégia ampliar o
raio de ação da política externa
israelense, cortejando os chamados países emergentes.
Outro motivo, circunstancial,
para a série de visitas é a preocupação israelense de contrapor-se
à aparente aproximação entre
Brasil e Irã, que chegou a levar o
presidente Lula a defender o
processo eleitoral de reeleição de
Ahmadinejad, em toda parte
contestado como fraudulento.
Nenhuma dessas razões causará, em contrapartida, aumento
da relevância e do poder de influência reais do Brasil. O papel
político do país na região encontra um teto no tamanho do comércio bilateral, e o governo brasileiro deveria agir de modo mais
cauteloso do que o demonstrado
no apoio a Ahmadinejad.
Visto por israelenses como
pouco simpático a seu interesse,
o Brasil -que abriga expressivas
comunidades de origem árabe e
judaica- deveria perseverar na
busca da equidistância em relação aos conflitos da região.
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