São Paulo, segunda-feira, 16 de novembro de 2009

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Editoriais

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Brasil equidistante

SHIMON PERES , chefe de Estado de Israel, acaba de concluir uma visita de cinco dias ao Brasil. Na próxima sexta-feira desembarca no país o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, e daqui a uma semana o iraniano Mahmoud Ahmadinejad.
A série de visitas vem ao encontro do desejo do governo brasileiro de ganhar relevância na política internacional. Afinal, ainda que por motivos tortos, o Oriente Médio é um dos principais palcos da diplomacia mundial, dada a relevância dos conflitos ali existentes. Sob essa perspectiva, não é esdrúxula a ambição do Brasil de desenvolver interlocução com os governos daquela conturbada região.
"Bola da vez" no imaginário internacional e nas apostas econômicas, o Brasil apareceu no radar de Israel e da ANP em seu permanente trabalho de relações públicas. O chanceler israelense, Avigdor Liberman, por sua vez, tem como estratégia ampliar o raio de ação da política externa israelense, cortejando os chamados países emergentes.
Outro motivo, circunstancial, para a série de visitas é a preocupação israelense de contrapor-se à aparente aproximação entre Brasil e Irã, que chegou a levar o presidente Lula a defender o processo eleitoral de reeleição de Ahmadinejad, em toda parte contestado como fraudulento.
Nenhuma dessas razões causará, em contrapartida, aumento da relevância e do poder de influência reais do Brasil. O papel político do país na região encontra um teto no tamanho do comércio bilateral, e o governo brasileiro deveria agir de modo mais cauteloso do que o demonstrado no apoio a Ahmadinejad.
Visto por israelenses como pouco simpático a seu interesse, o Brasil -que abriga expressivas comunidades de origem árabe e judaica- deveria perseverar na busca da equidistância em relação aos conflitos da região.


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