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FERNANDO RODRIGUES
Um vício ainda presente
BRASÍLIA - Os 20 anos passados
de 1989 até hoje foram úteis para
fortalecer a democracia representativa no Brasil. Mas persistem
muitos vícios políticos e eleitorais
da primeira eleição presidencial direta pós-ditadura militar.
O melhor aspecto da evolução
institucional nas últimas duas décadas foi o afastamento do risco de
retrocesso autoritário. Quando
Fernando Collor foi eleito, as discussões políticas sempre incluíam
obrigatoriamente uma análise do
"clima entre os militares". Uma
anomalia. José Sarney, então presidente, visitou todos os comandos
das Forças Armadas em 1989. Precisava convencer os quartéis da necessidade de uma transição definitiva e pacífica para a democracia.
Ao recusar a proposta bolivariana
de uma segunda reeleição, Lula sepultou de vez a hipótese de o Brasil
sair do rumo da estabilidade democrática. Começar e terminar seus
mandatos, no prazo estabelecido, é
a maior contribuição do petista para o amadurecimento do país.
O problema é quase nada ter sido
realizado, de 1989 até hoje, no plano
da organização política e partidária.
Fernando Collor viabilizou-se escorado em legendas de aluguel. Em
1994, FHC agrupou ao seu lado
parte da escória agora cooptada alegremente por Lula. Essa turba desprovida de ideologia vive atracada
ao poder.
De tempos em tempos o Congresso regurgita a reforma política,
com seu jargão cifrado para a maioria dos normais. Voto em lista, eleição no sistema distrital ou fim das
coligações proporcionais.
Algumas ideias têm mérito, mas
nenhuma trata da perigosa consolidação do império do baixo clero,
com suas quase duas dezenas de legendas de aluguel e mais de 300 deputados e senadores. Em 1989, ajudaram Collor. Em 2010, serão protagonistas novamente. Sem aparecer. Gostam das sombras. Influem.
Ganham dinheiro e são sempre
convenientes aos poderosos.
frodriguesbsb@uol.com.br
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