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Washington, Brasília
EM MEIO a um acúmulo de divergências na relação entre
Brasil e Estados Unidos, Arturo Valenzuela -responsável,
na diplomacia do governo Obama, pelo continente americano- esteve anteontem em Brasília. Na sua primeira visita ao país,
o americano procurou aparar
arestas na relação bilateral.
Valenzuela afinou o discurso
com o Itamaraty a respeito de
Honduras. A saída de Roberto
Micheletti -chefe do Congresso
que assumiu a Presidência hondurenha após a deposição de Manuel Zelaya, em 28 de junho-
agora é a condição para que seja
consumado o retorno de Honduras aos trilhos da democracia, na
ótica conjunta de EUA e Brasil.
Os EUA, fiadores do acordo
que endossou o processo eleitoral do qual saiu vencedor o conservador Porfirio Lobo, oferecem ao Brasil uma porta de saída
para a lamentável sinuca em que
o Itamaraty se meteu. A Casa
Branca, ao que consta, também
vai pressionar a nação caribenha
para que permita a saída de Zelaya da embaixada brasileira, sem
que corra o risco de ser preso.
Acerca das relações do Brasil
com o Irã, Valenzuela tentou
desfazer o mal estar gerado pelas
ameaças, fora de propósito, feitas recentemente pela secretária
de Estado, Hillary Clinton.
Na tentativa cada vez mais difícil, dada a intransigência do regime xiita, de trazer o Irã para a
mesa de negociações, Washington precisa da mediação de terceiros países, pois não mantém
relações formais com a nação islâmica. Se o Brasil não tem peso
diplomático para tornar-se protagonista nessa mediação, tampouco o terá para atrapalhá-la.
Diferenças na relação entre
Brasil e Estados Unidos sempre
haverá -os interesses de uma
potência regional e uma global
frequentemente se chocam. Não
há por que evitar o confronto diplomático com a Casa Branca,
quando houver bons motivos.
Mas a agenda brasileira se deixa levar por um dogmatismo
pueril, que toma moinhos de
vento por gigantes -e coloca em
segundo plano temas cruciais,
como o deficit galopante nas relações comerciais com os EUA.
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