São Paulo, quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

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Editoriais

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Washington, Brasília

EM MEIO a um acúmulo de divergências na relação entre Brasil e Estados Unidos, Arturo Valenzuela -responsável, na diplomacia do governo Obama, pelo continente americano- esteve anteontem em Brasília. Na sua primeira visita ao país, o americano procurou aparar arestas na relação bilateral.
Valenzuela afinou o discurso com o Itamaraty a respeito de Honduras. A saída de Roberto Micheletti -chefe do Congresso que assumiu a Presidência hondurenha após a deposição de Manuel Zelaya, em 28 de junho- agora é a condição para que seja consumado o retorno de Honduras aos trilhos da democracia, na ótica conjunta de EUA e Brasil.
Os EUA, fiadores do acordo que endossou o processo eleitoral do qual saiu vencedor o conservador Porfirio Lobo, oferecem ao Brasil uma porta de saída para a lamentável sinuca em que o Itamaraty se meteu. A Casa Branca, ao que consta, também vai pressionar a nação caribenha para que permita a saída de Zelaya da embaixada brasileira, sem que corra o risco de ser preso.
Acerca das relações do Brasil com o Irã, Valenzuela tentou desfazer o mal estar gerado pelas ameaças, fora de propósito, feitas recentemente pela secretária de Estado, Hillary Clinton.
Na tentativa cada vez mais difícil, dada a intransigência do regime xiita, de trazer o Irã para a mesa de negociações, Washington precisa da mediação de terceiros países, pois não mantém relações formais com a nação islâmica. Se o Brasil não tem peso diplomático para tornar-se protagonista nessa mediação, tampouco o terá para atrapalhá-la.
Diferenças na relação entre Brasil e Estados Unidos sempre haverá -os interesses de uma potência regional e uma global frequentemente se chocam. Não há por que evitar o confronto diplomático com a Casa Branca, quando houver bons motivos.
Mas a agenda brasileira se deixa levar por um dogmatismo pueril, que toma moinhos de vento por gigantes -e coloca em segundo plano temas cruciais, como o deficit galopante nas relações comerciais com os EUA.


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