São Paulo, quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

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CARLOS HEITOR CONY

Salão dos românticos

RIO DE JANEIRO - Na Academia Brasileira de Letras, há um salão bonito, mas um pouco sinistro. É o Salão dos Poetas Românticos, com bustos dos nossos principais românticos na poesia: Castro Alves, Gonçalves Dias, Casimiro de Abreu, Fagundes Varela e Álvares de Azevedo.
Os modernistas de 22, e antes deles os parnasianos, decidiram avacalhar com essa turma de jovens, que trouxe o Brasil para dentro de nossa literatura. Foram os românticos, na prosa e no verso, que colocaram em nossas letras as palmeiras, os índios, as praias selvagens, o sabiá, as borboletas de asas azuis, a juriti -o cheiro e o gosto de nossa gente.
Não fosse o romantismo, ficaríamos atrelados ao classicismo das arcádias, à pomposidade do verso burilado. Sem falar nos poemas-piadas, a partir de 1922, todos como vanguarda da vanguarda.
Foram jovens. Casimiro morreu com 21 anos, Álvares de Azevedo com 22, Castro Alves com 24, Fagundes Varela com 34. O mais velho de todos, Gonçalves Dias, mal chegara aos 40 anos.
O Salão do Poetas Românticos é também sinistro pois é de lá que sai o enterro dos imortais, que morrem como todo mundo, entre outras razões, porque a maioria deles não tem onde cair morto (a piada é de Olavo Bilac).
José de Alencar também deveria estar ali. Mas está perto, como perto está o busto de Euclides da Cunha. Foram pioneiros na valorização dos temas brasileiros, bem antes de 1922.
Com exceção de Euclides da Cunha, que foi acadêmico em vida, todos são anteriores à fundação da Academia, assim imortalizados em bustos.
São patronos de cadeiras em que sentaram Machado de Assis, Coelho Neto, Bilac, Guimarães Rosa, Darcy Ribeiro, Barbosa Lima Sobrinho, Jorge Amado e outros. Todos brasileiros. E de letras.


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