São Paulo, segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

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PAINEL DO LEITOR

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Chuvas
A ocupação irresponsável e perigosa de áreas verdes, inclusive de preservação permanente, sempre teve um poderoso aliado: o descaso das autoridades, que a partir agora deve receber novos reforços. Com a justificativa de promover o agronegócio, flexibiliza-se ainda mais o Código Florestal, legalizando de vez o desmatamento desenfreado e a degradação ambiental.
Mais uma demonstração de comodismo e insensibilidade explícitos do Estado, que, em vez de criar mecanismos mais eficientes de preservação e proteção, prefere legalizar ocupações em áreas reconhecidamente impróprias e arriscadas, muito mais preocupado com cifrões do que com os riscos.
E assim como várias espécies de nossas fauna e flora, bom-senso, consciência ambiental, respeito à natureza e às gerações futuras também estão, ao que tudo indica, seriamente ameaçados de extinção.
FLÁVIO GUIMARÃES DE LUCA (Limeira, SP)

 


A Folha acertou ao relacionar as tragédias nas serras fluminenses ao desrespeito para com o Código Florestal e ao apontar que o projeto de revisão liderado pelo líder de fato da bancada do agronegócio, deputado Aldo Rebelo, é uma temeridade.
As respostas do parlamentar são inconsistentes. Ele afirma que o Código Florestal não se aplica ao meio urbano e que a lei de uso e ocupação do solo é outra. Com isso, procura induzir o leitor em erro ao não esclarecer que o art. 2º, parágrafo único, do Código Florestal que ele quer revogar é taxativo ao estabelecer que as restrições ambientais ali fixadas aplicam-se tanto ao perímetro urbano como ao rural. Se revogado todo o Código, evidentemente esse dispositivo também desaparecerá.
Assim, a reportagem está inteiramente correta ao concluir que o projeto de Aldo Rebelo aumenta ainda mais os riscos de que novas tragédias venham a ocorrer, em proporções cada vez maiores. Ademais, parece que o deputado ignora que a expansão do perímetro urbano nas cidades se dirige ao perímetro rural que ele pretende desproteger.
GUILHERME JOSÉ PURVIN DE FIGUEIREDO, doutor em direito ambiental, presidente do Instituto Brasileiro de Advocacia Pública, (São Paulo, SP)

 


"Respingam" textos nos jornais sobre enchentes. Isso acontece, sobretudo, no início do ano. Já que a mídia denuncia e comprova, após as tragédias, a negligência do poder público, deveria ela também, no decorrer do ano, mostrar que o poder público está "submerso"" pela irresponsabilidade e pela omissão, ou seja, há poucas políticas de prevenção, e as enchentes matarão novamente.
Interessante o artigo de Carlos Heitor Cony ("DNA das tragédias") ao apontar que "todos temos uma parcela de responsabilidade nessas tragédias".
FABIANO CAVALCANTI MUNDIM, (Brasília, DF)

 


Fiquei indignado com as referências feitas a mim na matéria de capa da Folha de sábado ("Governo do RJ sabia desde 2008 dos riscos na região da tragédia"). Sou tratado como um simplório ou irresponsável que acha ser um mero detalhe a não remoção das famílias das áreas de risco.
Sempre lutei por isso, garantindo instrumentos e verbas; acionei prefeitos irresponsáveis, participei de ações no terreno. Como secretário estadual do Ambiente, de janeiro de 2007 a maio de 2008, destinei recursos ao mapeamento de risco de diversas áreas, incluindo a região serrana, também à montagem de uma rede de hidrometria, para enviar alertas da cheia dos rios às prefeituras, o que efetivamente foi feito com antecedência neste desastre, para Friburgo, e a Defesa Civil municipal não estava preparada para tomar as providências cabíveis.
Como ministro do Meio Ambiente, garantimos recursos no PAC para saneamento e recuperação dos rios Paquequer e Piabanha, em Teresópolis e Petrópolis.
Meu comentário foi claro: não basta a definição da área de risco, para o que contratamos a UFRJ, mas uma série de procedimentos complexos para desocupá-la.
Relatei o que fizemos: mapa de risco e início da rede de hidrometria, e o que faltou, política municipal séria de remoção.
O texto me coloca como um ingênuo que diz que faltou um pequeno detalhe. Sinceramente, é inaceitável. Em nossas grandes obras contra as inundações na Baixada Fluminense, já realocamos 2.000 famílias que viviam às margens destes rios, e o trabalho prossegue. Com isso, muitas vidas foram salvas. Nossa postura é conhecida e merece respeito, o que faltou nessa matéria.
CARLOS MINC, secretário estadual do Ambiente do Rio de Janeiro, ex-ministro do Meio Ambiente (Rio de Janeiro, RJ)

Livros e Lula
Como Clóvis Rossi sintetiza ("Os livros leem Lula", Ilustríssima, ontem), é preciso que se entenda criticamente que a redistribuição de riquezas não pode ficar circunscrita ao fenômeno da redistribuição intersalarial, como alardeiam alguns intelectuais, mas atacada, também e principalmente, a partir da diferença de renda entre o capital e o trabalho ("a verdadeira obscenidade", não enfrentada pelos sucessivos governos, inclusive o de Lula).
Sem foco no lugar certo, não superaremos, de maneira consistente, nosso subdesenvolvimento, nem no plano econômico e muito menos nos educacionais e sociais.
JOÃO PAULO S. MEDINA (Jundiaí, SP)

Trens
Li no editorial "Trilhos paulistas", ontem, nesta Folha, que o governador Geraldo Alckmin pretende ser lembrado por reinvestir em trens regionais de passageiros (algumas poucas linhas). Tomara que isso aconteça.
Não há, porém, como não associar a sua imagem à desativação da rede de trens de passageiros que servia a boa parte das cidades paulistas e ligava a capital aos mais distantes pontos do Estado, que se deu como consequência da privatização da Fepasa em 1998, quando era vice-governador.
AMAURI ALVARES (Marília, SP)

Ferreira Gullar
Li "Quando dois e dois são quatro" na coluna de domingo do poeta (Ilustrada, E8, 16/1) e rapidamente peguei meu exemplar do "Poema Sujo" da estante, autografado pelo próprio. Tinha eu 12 anos de idade e já tinha aprendido a gostar dele, por influência paterna. Ontem, vi que, além de grande poeta e cronista irretocável, Gullar é também um notável intérprete da alma humana e do papel social e político de nossos líderes.
O perfil de Lula foi esmiuçado com maestria em poucas linhas, assim como uma breve avaliação da "presidenta" - com "a" no final, como ela diz. O mais impagável, porém, é a comparação entre os índices de apoio do Lula pós-governo e o sombrio Médici, números quase idênticos.
No governo Médici foram cometidos os erros e atrocidades mais absurdos, mas a propaganda maciça lhe garantiu o "sucesso". Talvez o Brasil de hoje precise de mais poetas como ele do que de mais cientistas políticos e psicólogos, sem desprestigiar as nobres classes. Salve, Gullar.
HENRIQUE AUTRAN DOURADO (Tatuí, SP)

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