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Nem Freud explica
CLÓVIS ROSSI
São Paulo - Do México em 94 ao Brasil em 99, passando pela Ásia e pela
Rússia, uma dúzia de nações sucumbiu ante o tal de mercado.
Eram países diferentes na geografia,
história, nas idiossincrasias, culturas,
políticas (inclusive cambiais ou fiscais). Não obstante, rodaram todos.
Em comum, paradoxalmente, só tinham, excluída a Rússia, uma única
característica: todos eram louvados
incessantemente como histórias de sucesso, imediatamente antes da crise.
Dispensável lembrar as toneladas de
tinta e papel que foram gastas para
enaltecer os "tigres asiáticos". Sobre o
México, só o meu arquivo, que é pobre,
guarda pérolas imperdíveis de babação de ovo sobre Carlos Salinas de
Gortari, o presidente que afundou o
país e, ainda por cima, é procurado
hoje por suspeitas sólidas de corrupção e até de envolvimento em assassinatos políticos.
Sobre FHC, só eu já fiz uma dúzia de
resumos de textos laudatórios publicados pelas grifes mais lustrosas da
mídia internacional. Claro que é cedo,
ainda, para incluir o presidente brasileiro na lista dos fracassados, mas no
mínimo já sofreu um sério arranhão.
Aí, de duas uma: ou pouca gente entende alguma coisa de economia ou
há algo de fenomenalmente errado
com o jogo econômico global, a ponto
de levar para o buraco países tão diferentes em quase tudo e de gerar uma
crise após a outra.
A OIT (Organização Internacional
do Trabalho), em estudo recente sobre
a Ásia, escolhe a segunda alternativa.
Diz que as deficiências apontadas no
funcionamento das economias asiáticas "estiveram sempre presentes e
eram compatíveis com alto crescimento no período pré-crise".
Só faltou acrescentar que a lógica de
cassino é que, no mínimo, ajudou a
afundar tantos países. Tanto é assim
que os governos da Alemanha e do Japão estão propondo pôr limites a essa
lógica, sem o que a lista de fracassos
somará, cedo ou tarde, outros nomes.
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