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A FAVOR DA CPI
As revelações envolvendo
o subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência da República, Waldomiro Diniz, mereceram rápida resposta do governo, que exonerou o funcionário e determinou a
instauração de um inquérito. São
reações previsíveis diante de fatos de
difícil contestação. A questão é saber
se essas medidas são suficientes ou
se, como pretendem alguns, seria cabível a instauração de uma Comissão
Parlamentar de Inquérito (CPI).
Diniz, como se sabe, era uma espécie de braço direito do ministro da
Casa Civil, José Dirceu, nas negociações com partidos e parlamentares.
Ocupava um gabinete no próprio Palácio do Planalto. Foram levantadas
suspeitas de que sua atuação não se
limitou à negociata com o empresário e bicheiro Carlos Augusto Ramos, em 2002. Já com o governo Luiz
Inácio Lula da Silva eleito, há suspeitas de que Waldomiro, integrante da
equipe de transição, teria influenciado a renovação de um contrato entre
uma multinacional de processamento de dados e a Caixa Econômica.
Diante dessa situação, é lícito indagar qual o alcance das ações do funcionário, os métodos por ele utilizados e suas relações com os demais
membros da administração Lula.
Trata-se de uma investigação perfeitamente adequada a uma CPI -e o
PT, estivesse na oposição, seria o primeiro a clamar por ela.
Os indícios, porém, são de que dificilmente a comissão terá lugar. Os
compromissos entre o governo e sua
ampla base parlamentar falarão mais
alto. É provável que a investigação
também não interesse tanto aos demais partidos, apesar da tentação de
instrumentalizá-la em ano eleitoral.
Se não quisermos ser hipócritas, devemos admitir que acertos como o
encetado por Waldomiro não são fatos isolados na política brasileira. Isso nos remete a um aspecto importante relacionado ao episódio, que é
a necessidade de maior transparência nas doações para campanhas.
É duvidoso que o financiamento
público resolva a questão, já que
sempre será possível arrecadar irregularmente. Certo é que não é mais
possível conviver com essa situação
nebulosa, fonte potencial de desvios
e escândalos. Uma CPI sobre o caso
Waldomiro seria, além de tudo, uma
oportunidade para precipitar e aprofundar esse debate.
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