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CLÓVIS ROSSI
O limite da competência
SÃO PAULO - O resultado da eleição para a presidência da Câmara dos
Deputados já foi suficientemente degradante. Não precisavam o governo
e os governistas acrescentar à esbórnia uma seqüência de comentários
sem pé nem cabeça ou de uma obviedade tamanha que dá vergonha até
em quem não tem nada com isso.
Fiquemos no próprio presidente da
República, Luiz Inácio Lula da Silva,
para quem o governo não perdeu
porque "não disputou a eleição,
quem disputou foi o PT". Me engana
que eu gosto, presidente.
O governo não tinha interesse nenhum na eleição, ao contrário do que
acontece em qualquer votação parlamentar, em qualquer lugar do mundo? O governo não fez o diabo para
eleger seu candidato, Luiz Eduardo
Greenhalgh?
Ainda que fosse assim, a frase do
presidente dá a entender que o governo não tem nada a ver com o PT e vice-versa. Quer dizer então que Lula
deixou o PT -sem nem sequer um
comunicado oficial?
É verdade que não seria de estranhar na medida em que seu governo
não tem o menor parentesco com o
que foi o partido nos seus 23 primeiros anos de vida, mas não custava
avisar o distinto público.
Lula não ficou sozinho nas tolices
ditas a respeito do resultado. Houve
até gente do próprio governo que pregou "respeito ao resultado", como se
houvesse alguma outra hipótese, tipo
dar o golpe e fechar a Câmara.
É cada vez mais evidente que o PT e
seus principais caciques caíram direitinho no tal princípio de Peter, aquele
que diz que ninguém deve ir além do
limite de sua competência.
O PT era formidável na oposição.
Era o seu limite de competência. Passou do limite, tornando-se governo, e
o resultado é o que se vê dia após dia.
Um claro exemplo é o do presidente
do partido, José Genoino, um craque
na oposição, mas completamente
perdido, zonzo, como líder de partido
governista.
Para completar o círculo, Lula produziu também a seguinte pérola:
"Houve uma votação, ganhou quem
teve mais voto". Então tá.
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