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Economia de estrelas
ELIANE CANTANHÊDE
Brasília - Pergunta ao brigadeiro Lélio Lôbo: 'O sr. aceita continuar ministro da Aeronáutica se o presidente
FHC for reeleito?"
Resposta rápida, sem titubear: "Mas
o Ministério da Aeronáutica nem vai
mais existir..."
De fato, o principal efeito da criação
do Ministério da Defesa, até dezembro, será o fim do Emfa e dos três ministérios militares (Exército, Marinha
e Aeronáutica). No início, os militares
chiaram. Agora, como se vê, essa é
uma página virada na discussão.
Acabar com os ministérios já é uma
ousadia. Mas não é só isso. A intenção
é também acabar com boa parte das
funções hoje reservadas a oficiais das
três Forças e que serão fatalmente afuniladas numa só, no novo ministério.
Só para citar alguns exemplos, o Ministério da Defesa terá um Alto Comando unificado, um serviço de inteligência comum e um só centro para o
serviço militar dito obrigatório.
Acabando as funções, acabam as
respectivas vagas de oficiais. Logo, o
número de generais, brigadeiros e almirantes vai diminuir. Atualmente,
há 139 generais só na força terrestre.
Deles, 14 são generais-de-exército, ou
seja, ocupam o posto máximo.
Esses "quatro estrelas" formam o todo-poderoso Alto Comando e estão espalhados pelo país inteiro. Chefiam
desde os comandos militares regionais
até as secretarias específicas da Força
(como a de finanças), ou os departamentos (tipo Departamento de Material Bélico).
Sem falar nos que já estão oficialmente na reserva, mas têm cargos estratégicos -como o próprio ministro
Zenildo de Lucena e o chefe do Emfa,
Benedito Bezerra Leonel.
As mudanças correspondem à profissionalização das Forças Armadas,
mas elas não serão sem dor. Vão produzir alguma economia, muita racionalidade e... uma baita gritaria.
FHC conhece bem a turma. De um
lado, é filho de militar. De outro, é sociólogo e teve lá seus problemas na
época em que ainda não esquecia o
que escrevia.
É por isso que a coisa vai, mas cercada de cuidados. A Aeronáutica, por
exemplo, adora voar alto. É difícil cortar suas asas.
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