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VALDO CRUZ
Cachorro que late...
BRASÍLIA - A economia brasileira
bombou em 2007 e segue forte neste início de ano. A despeito da crise
dos EUA, gira no momento a uma
velocidade de 6% de crescimento.
Nada mal. Quer dizer, muito
bom. Não para o Banco Central, que
soltou a ata do Copom latindo para
tudo que é lado, prometendo morder o consumidor brasileiro, que
anda gastando e muito.
Num período de boas notícias para Lula, quando foi divulgado que o
país cresceu 5,4% no ano passado, o
recado do BC de que cogitou subir
os juros operou como um verdadeiro estraga-prazer. O presidente não
gostou nem um pouco.
Mas, posso estar enganado, o Copom está latindo alto, mas não deseja nem um pouquinho morder.
Seu objetivo é mais assustar, dizer
que continua um verdadeiro cão de
guarda da estabilidade da moeda
nacional e ficar nisso.
Se a tática do susto der certo, os
juros futuros vão subir -já subiram- e frear um pouco o consumo
brasileiro. O serviço estará feito,
sem necessidade de provocar maiores desgastes para o BC.
Ao grunhir, contudo, ele indicou
que enxerga problemas na capacidade de a economia brasileira suportar um crescimento doméstico a
todo vapor. Coisa com a qual muita
gente no governo não concorda ou
que não deseja.
Lula, do seu lado, se não gostou
das ameaças, deu sinais de que
compreende o assunto muito mais
do que boa parte de seus amigos.
Não por outro motivo alertou que o
consumo exagerado pode trazer de
volta uma "velha doença desgraçada, a inflação".
O fato é que as tensões econômicas no governo podem ressurgir. A
dúvida é se o filme de 2005 se repetirá. Ali, com medo da inflação, o BC
pisou no freio depois de o país crescer 5,7% em 2004. Foi acusado de
ter errado, o que refuta.
Tomara que a inflação se comporte e a turma de Henrique Meirelles pare de desmentir o adágio de
que cão que ladra não morde. Até
aqui, ela tem mordido. Sem dó.
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