São Paulo, segunda-feira, 17 de março de 2008

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VALDO CRUZ

Cachorro que late...

BRASÍLIA - A economia brasileira bombou em 2007 e segue forte neste início de ano. A despeito da crise dos EUA, gira no momento a uma velocidade de 6% de crescimento.
Nada mal. Quer dizer, muito bom. Não para o Banco Central, que soltou a ata do Copom latindo para tudo que é lado, prometendo morder o consumidor brasileiro, que anda gastando e muito.
Num período de boas notícias para Lula, quando foi divulgado que o país cresceu 5,4% no ano passado, o recado do BC de que cogitou subir os juros operou como um verdadeiro estraga-prazer. O presidente não gostou nem um pouco.
Mas, posso estar enganado, o Copom está latindo alto, mas não deseja nem um pouquinho morder. Seu objetivo é mais assustar, dizer que continua um verdadeiro cão de guarda da estabilidade da moeda nacional e ficar nisso.
Se a tática do susto der certo, os juros futuros vão subir -já subiram- e frear um pouco o consumo brasileiro. O serviço estará feito, sem necessidade de provocar maiores desgastes para o BC.
Ao grunhir, contudo, ele indicou que enxerga problemas na capacidade de a economia brasileira suportar um crescimento doméstico a todo vapor. Coisa com a qual muita gente no governo não concorda ou que não deseja.
Lula, do seu lado, se não gostou das ameaças, deu sinais de que compreende o assunto muito mais do que boa parte de seus amigos. Não por outro motivo alertou que o consumo exagerado pode trazer de volta uma "velha doença desgraçada, a inflação".
O fato é que as tensões econômicas no governo podem ressurgir. A dúvida é se o filme de 2005 se repetirá. Ali, com medo da inflação, o BC pisou no freio depois de o país crescer 5,7% em 2004. Foi acusado de ter errado, o que refuta.
Tomara que a inflação se comporte e a turma de Henrique Meirelles pare de desmentir o adágio de que cão que ladra não morde. Até aqui, ela tem mordido. Sem dó.


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