São Paulo, quinta-feira, 17 de março de 2011

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CARLOS HEITOR CONY

Crises e história

RIO DE JANEIRO - Muita gente reclama da mesmice dos Carnavais, das festas programadas como o Natal, acha tudo monótono, repetitivo, sacal. De minha parte, tolero com boa vontade este tipo de chatice prevista nos calendários, guardando o meu tédio para outros tipos de evento, em especial, para as crises da nossa política.
Para os que reclamam da rotina de um Carnaval ou de um Natal, tudo é chato, a começar pelo Papai Noel e pelas declarações das madrinhas das escolas de samba.
E como não reclamar dos escândalos envolvendo marginais, políticos, autoridades e intermediários? Quando mudam, mudam apenas os nomes dos participantes e as quantias arrecadadas para isso ou para aquilo.
Pior ainda é a mesmice da mídia, que para cada crise política abre os mesmos espaços, as mesmas manchetes, mudando cifras e personagens. A mecânica de cada caso é monotonamente igual, parece que falta imaginação entre honestos e corruptos, todos repetem as mesmas palavras, as mesmas condenações, as mesmas desculpas.
E o mais extraordinário de tudo: quando uma bomba explode, dando a impressão de que desta vez o circo vai pegar fogo, uma ou duas semanas depois tudo fica esquecido, anjos e demônios voltam a ser o que sempre foram, até que nova bomba estoure com outros personagens, mas com a mesma rotina e os mesmos resultados.
Trabalho na mídia há alguns anos e nunca me entusiasmei por este tipo de crise. Nem contra nem a favor, quaisquer que sejam os motivos e os agentes.
Abri exceção para a crise que levou Getulio Vargas ao suicídio. E para o golpe de 1964 e suas consequências, como o AI-5 e tudo o que aconteceu depois.
Na forma e no conteúdo, foram dois momentos que não passaram de notas ao pé de página da nossa história.


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