São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A formação do trabalhador
EDEVALDO ALVES DA SILVA
No Palácio do Trabalhador, no bairro da Liberdade, foi montado todo um sistema informatizado de busca de empregos. É verdadeiramente impressionante o que ali se passa diariamente: em 400 computadores de última geração, registram-se 5.000 pedidos de emprego -repito, todo dia-, para o sucesso de apenas 10% desse total. Quando perguntei ao presidente da Força Sindical a razão do número relativamente baixo de aproveitamento, a sua resposta deixou-me intrigado: primeiro, são pessoas de pouca qualificação profissional; segundo, a faixa etária é muito alta, desanimando os eventuais empregadores. Foi então que decidimos pelo pacto, que hoje repercute no Brasil inteiro. Vamos criar condições objetivas não para que a instituição universitária desça aos níveis mais baixos, mas para que, democraticamente, os desfavorecidos pedagógicos possam ter acesso à alfabetização e aos seus desdobramentos, como é preocupação reiterada do ministro Cristovam Buarque. Ele proclamou que não se contentará com a simples alfabetização de jovens e adultos em cursos de três ou seis meses de duração. O que mais deseja é que esses alunos continuem no processo, com a convicção, proclamada pela Unesco, de que a aprendizagem é para toda a vida. Proporcionar esse benefício é um gesto de solidariedade e respeito humano a todos os cidadãos brasileiros. É o que estamos fazendo concretamente com o convênio UniFMU/Força Sindical. Não se trata de uma promessa de efeito vago. Já se encontram matriculados no projeto nada menos de 850 jovens e adultos e as suas aulas, com muita emoção por parte dos professores, foram iniciadas. É impressionante, mesmo para espíritos mais calejados na peleja pedagógica, a reação dos alunos. Parece que eles não acreditam no que vêem. Estão aprendendo com muito entusiasmo, garantindo desde os primeiros momentos o sucesso absoluto dessa iniciativa pioneira. Isso será feito apenas em São Paulo? A resposta é negativa, pois tudo poderá ser levado a outros Estados, como faremos brevemente em Brasília, com o UNICeub. Esperamos que haja interesse e uma boa dose de patriotismo dos futuros parceiros. A Força Sindical, com os seus 16 milhões de filiados, revela um novo empenho pela idéia generosa do sindicato-cidadão. Está voltada para a generalização desse atendimento e contará sempre com a nossa cooperação. A sociedade brasileira, definitivamente, não concorda com o que representa a falta de emprego ou mesmo o cruel desemprego que abala os alicerces de boa parte das nossas famílias. A iniciativa privada não pode assistir impassível a essa descida para o poço, como se isso fosse inexorável. Não é. Devemos esse tipo de colaboração ao novo governo, ao qual juntamos as nossas virtualidades para uma ação conjunta de resultados a curto prazo. Queremos, não apenas em nossas instituições universitárias, mas de maneira geral, que os jovens brasileiros tenham o melhor e mais amplo acesso aos procedimentos de uma educação de qualidade. Isso não pode ser privilégio de poucos, mas um direito fundamental da cidadania. Foi o que levou, com muito orgulho, à nossa parceria com a Força Sindical. Agora, é só esperar pelos resultados. Edevaldo Alves da Silva, 69, advogado e professor, é presidente das instituições UniFMU, UniFiamFaam e Fisp e da Fundação Edevaldo Alves da Silva. Texto Anterior: Frases Próximo Texto: José Carlos Dias: A promoção do capitão Ubirajara Índice |
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