São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003 |
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TENDÊNCIAS/DEBATES A promoção do capitão Ubirajara
JOSÉ CARLOS DIAS
Matéria na Folha relata ainda que fora o delegado Calandra, como assessor do hoje senador Romeu Tuma, que dirigia o Dops em São Paulo quando Montoro assumiu o governo, a pessoa encarregada de "cuidar dos arquivos" que viriam a ser transferidos para a Polícia Federal, tendo desaparecido parte das informações das quais era tutor. Disso me lembro bem, pois assumia eu a Secretaria da Justiça. O governador certamente se recorda do gesto democrático e de humildade do presidente Fernando Henrique Cardoso ao demitir o delegado Campelo do cargo de diretor do Departamento de Polícia Federal, dias após o haver nomeado. Atendeu a protestos de muita gente, de entidades -eu mesmo escrevi um duro artigo na Folha, argumentando que um ato de nomeação não tem as características de um julgamento em que impera o princípio de que, na dúvida, absolve-se o réu. Um ato de nomeação encerra um juízo de valor sobre as qualidades do funcionário, sua competência, sua adequação para o cargo. O delegado Calandra deveria estar trabalhando, sim, mas jamais num cargo ligado a processamento de informações, num serviço de inteligência. Houve, indiscutivelmente, um erro do governador. Acredito que falhou o serviço de inteligência do governo e o secretário da Segurança Pública ao deixar de transmitir ao governador o perfil do delegado. Pois, caso contrário, estaria fazendo um mau juízo de um homem em quem sempre acreditei, a quem sempre creditei o senso de equilíbrio, de seriedade, e que já foi merecedor de meu voto. Daí o conselho de um amigo e antigo companheiro: reveja sua decisão, governador. José Carlos Dias, 62, é advogado criminalista. Foi ministro da Justiça (governo Fernando Henrique) e secretário da Justiça do Estado de São Paulo (governo Franco Montoro). Texto Anterior: TENDÊNCIAS/DEBATES Edevaldo Alves da Silva: A formação do trabalhador Próximo Texto: Painel do leitor Índice |
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