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São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 2003

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PAINEL DO LEITOR

Grampos
"As declarações e articulações de certos senadores em relação ao vergonhoso episódio do grampo telefônico na Bahia deixam claro o desprezo desses políticos ao elementar princípio de apurar responsabilidades por fatos ilícitos. Gostaria de fazer à Folha uma sugestão aparentemente ingênua, mas que poderá configurar-se em saudável exercício de transparência, pressuposto elementar na prática democrática. A sugestão é que cada senador que acredite na inocência de Antonio Carlos Magalhães ou que prefira que ele não seja julgado escreva de próprio punho -e assine embaixo, com firma reconhecida- a seguinte frase: "Eu, fulano de tal, eleito senador pelo Estado tal, acredito na inocência do senador Antonio Carlos Magalhães". Como eleitores, temos o direito de saber exatamente o que pensam aqueles em quem votamos."
Simon Widman (São Paulo, SP)

Ciência
"Em atenção aos leitores da Folha e aos meus colegas da comunidade acadêmica, expresso minha indignação diante das aleivosias do senhor Rogério Cezar de Cerqueira Leite, que, à falta de argumentos com os quais pudesse atingir meu pai, o ministro da Ciência e Tecnologia, insinua, irresponsavelmente, como aliás é de seu hábito, no "Painel do Leitor" (12/4), que eu me teria utilizado de relações de amizade e de parentesco (ele se vale da grosseira expressão "tráfico de influência') para obter vantagens em pleito junto ao CNPq, do qual, ele se "esqueceu" de dizer, sou bolsista desde 1988. Ao final de meu doutorado, na Universidade de Munique, e dedicada a cumprir o meu compromisso assumido com o CNPq de retornar ao meu país, com cuja história estou comprometida, solicitei àquela agência um pedido de bolsa de recém-doutor para aqui me reinstalar na atividade acadêmica. Meu pedido foi indeferido. Mesmo assim, regressei. Qualquer verrina além disso é simplesmente verrina dirigida a alvo errado, pois meu pai não foi responsável pela demissão do senhor Leite do cargo que ocupava na Prefeitura de Campinas, a razão única de todo o seu ódio hepático, bilioso e inconsequente contra o governo do presidente Lula e contra o MCT. Meu pai só tem responsabilidade na decisão de democratizar a aplicação dos recursos públicos. Isso também o irrita, pois poderá levá-lo a perder o status de "coronel" da ciência."
Susana de Castro Amaral Vieira (Rio de Janeiro, RJ)

Prefeitura de São Paulo
"Que a Folha não goste da prefeita de São Paulo, Marta Suplicy, nem de seu governo, está no seu direito. Mas ofende a inteligência do leitor a menção de que Marta está aumentando muito os gastos "18 meses antes da eleição" ("Canteiro de obras de Marta custará R$ 1 bi", Cotidiano, 13/4). Se isso ocorresse em 2004, a crítica seria: "É no ano da eleição". Como ocorreu em 2003, foi "18 meses antes da eleição". Se tivesse sido em 2002, teria sido "no ano da eleição para presidente e governadores"."
Paulo Roberto Maturano Santoro (São Paulo, SP)

Patrimônio mundial
"O Congresso Mundial de Arqueologia, em nota emitida na sexta-feira passada, manifestou sua preocupação com a destruição do Museu Nacional do Iraque, noticiada pela Folha em 16/4 (Mundo, pág. A14). A responsabilidade pelos danos e pelos furtos está tanto com os bandos de ladrões como com as autoridades de ocupação, que deveriam zelar por esse patrimônio cultural da humanidade. O roubo de peças arqueológicas, direcionadas aos antiquários e aos museus ocidentais, é uma prática de rapina que os arqueólogos não podem senão condenar em proteção da herança comum de toda a humanidade."
Pedro Paulo A. Funari, professor da Unicamp e secretário do Congresso Mundial de Arqueologia (Campinas, SP)

 

"O general Golbery tinha razão quando falava que, depois de 15 dias, o povo esquecia. Pois vejamos. Quando um caminhão bateu em um chafariz em uma praça de Ouro Preto, a mídia caiu em cima, a prefeitura da cidade desordenadamente mudou o trânsito da cidade, o recém-indicado ministro da Cultura, Gilberto Gil, deu entrevista dizendo que Ouro Preto receberia investimentos. Falaram até que perderia o titulo de patrimônio universal. Enfim, todos tiraram sua casquinha. Agora, mais uma tragédia. Só espero que não seja esquecida em 15 dias."
Leonardo Sérgio Nogueira Teixeira (Itanhandu, MG)

Testemunha quase ocular
"Gostaria de parabenizar a Folha pela cobertura da guerra no Iraque. Quando Sérgio Dávila e Juca Varella saíram de Bagdá, as notícias escassearam de forma quase catastrófica e foi possível observar a diferença que uma cobertura jornalística capaz faz em nossa vida. Obrigado pela oportunidade de sermos uma testemunha (quase) ocular das atrocidades dessa guerra insana."
Paulo Dantas (Recife, PE)

Tortura
"A coluna de Elio Gaspari de ontem (Brasil, pág. A10), sobre a permanência na administração pública de nosso Estado de alguém possivelmente envolvido com casos de tortura, é contundente e fez-me refletir sobre o assunto. Sim, porque Geraldo Alckmin é o governador em quem votei por opção. E suas características mais visíveis e que me fizeram escolhê-lo é a de ser um homem decente e de caráter, como foi seu antecessor. Logo, sinto-me de certa forma traída como eleitora, já que tortura e decência jamais podem andar juntas."
Simone Marques (São Paulo, SP)

Drogas
"Fiquei impressionado com o brilhantismo expresso na opinião do senhor Orlando Faccini Júnior ("Painel do Leitor", 16/4), em que ele afirma que as pessoas "se viciam porque querem" e que o viciado em drogas é portador de uma "doença consensual". De onde ele tirou essas idéias exóticas eu não sei, mas posso dizer que punir os usuários porque o governo não tem capacidade de combater os traficantes é o conceito mais revolucionário que já ouvi sobre o assunto. Seguindo essa linha de raciocínio, devemos proibir também as bebidas alcoólicas e mandar para a cadeia todo "pinguço", desde aqueles que tomam um aperitivo no fim da noite até aqueles que enchem a cara nos botequins. Fim à impunidade dos manguaceiros! Seria uma Lei Seca à brasileira, que tal? O lado ruim é que a turma do Fernandinho Beira-Mar iria passar a traficar cachaça, e não mais cocaína. O lado bom é que cachaça é produto nacional."
Beni Sutiak (São Paulo, SP)

Mandatos
"O primeiro mandato de FHC foi ruim. O segundo foi péssimo. E o terceiro está sendo uma catástrofe."
Xavier Neto (Brasília, DF)

Febem
"Enquanto o mundo assiste estupefato à guerra no Oriente Médio, nós, brasileiros, assistimos à mais uma rebelião na Febem. Até quando persistirá esta situação? Será que o governo do Estado de São Paulo está tentando se inspirar no governo do Rio de Janeiro, deixando que o crime organizado se organize cada vez mais? É repugnante ouvir sempre a mesma retórica em termos de segurança pública no Brasil, comentam-se os efeitos e não se atacam as causas do problema. Talvez tenha chegado a hora de começar a pensar em processar o Estado por absoluta imperícia."
Rita de Cássia Oliveira das Mercês (Penápolis, SP)


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