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FERNANDO DE BARROS E SILVA
Jogo aberto
SÃO PAULO - Uma semana depois
do lançamento da candidatura de
José Serra à Presidência, pouca coisa se altera no quadro da sucessão
de Lula, como revela o Datafolha.
A diferença em relação a Dilma
Rousseff (PT), que era de 9 pontos
(36 a 27) a favor do tucano no levantamento anterior, feito há 20 dias,
agora é de dez pontos (38 a 28), uma
oscilação na margem de erro.
Com exceção da pesquisa realizada no final de fevereiro, quando
Serra caiu para 32% e ficou apenas
4 pontos à frente de Dilma, que havia subido, o tucano se mantém no
mesmo patamar de votos desde dezembro. É provável que sua queda
estivesse relacionada ao desgaste
decorrente das enchentes de verão.
Equivocou-se, no entanto, quem
apostou que a exposição do candidato na TV no último fim de semana pudesse se traduzir logo em mais
votos no ninho. É fato que Serra encorpou politicamente ao receber o
apoio enfático de Aécio Neves numa festa, de resto, mais animada do
que os tucanos costumam ser capazes de fazer. Mas, por ora, só isso.
Embora sutis, as movimentações
mais significativas do quadro eleitoral dizem respeito a Ciro Gomes e
a Marina Silva. Pela primeira vez, a
senadora do PV ultrapassa numericamente o deputado do PSB (10 a
9). Estão tecnicamente empatados,
mas a trajetória de Ciro, que tinha
13% em janeiro, é de queda.
O resultado talvez represente a
pá de cal nas suas pretensões de
sustentar a candidatura, contra a
pressão intensa de Lula e o corpo
mole de seu próprio partido. Mas
também é verdade que, sem Ciro na
cédula, a distância entre Serra e Dilma aumenta de 10 para 12 pontos.
Existe, por isso, gente dentro do
PT que, apesar de não ousar desafiar Lula em público, defende a manutenção de Ciro na corrida. Seria
um instrumento para atazanar os
tucanos e uma espécie de "segurança" de que haverá segundo turno.
A definição a esse respeito será,
provavelmente, a próxima notícia
relevante da sucessão. É chato mastigar o óbvio, mas hoje o jogo parece, mais do que nunca, aberto.
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