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Editoriais
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Peritos sob suspeita
É PREOCUPANTE que pairem
dúvidas sobre a lisura dos
laudos do Instituto de Criminalística de São Paulo.
O órgão, ligado à Secretaria da
Segurança Pública do Estado, é
responsável por análises técnicas que permitem provar ou descartar a existência de um crime.
Sem a reconstituição criteriosa
de um delito, a Justiça perde um
indispensável recurso para estabelecer culpados e sanções.
É um desenlace deste tipo que
se teme agora nos julgamentos
do acidente do metrô, em 2007,
no bairro paulistano de Pinheiros, e da queda do teto de um
templo da Igreja Renascer, no
ano passado. O Ministério Público e a Polícia Civil suspeitam que
o rigor científico tenha sido maculado na perícia criminal dos
dois desastres.
Há indícios de possível suborno de peritos, que teriam produzido laudos favoráveis à entidade
religiosa e ao Consórcio Via
Amarela, responsável pela obra
na estação subterrânea. No caso
do colapso do templo, a prefeitura, uma empresa de reparos e os
Bombeiros são responsabilizados pelo Instituto de Criminalística -que isenta a Renascer.
Quanto à cratera que matou
sete pessoas em Pinheiros, a análise técnica alude ao acionamento de um plano de emergência
para a retirada de funcionários e
moradores do local. A Promotoria afirma não haver registro
desse tipo de procedimento.
Os problemas se refletem no
julgamento da responsabilidade
criminal de diretores das empreiteiras do Consórcio Via
Amarela. A Promotoria desprezou o laudo oficial, que considera
suspeito -e a defesa usa o fato
para atacar a denúncia e tentar
anular o processo.
Cabe ao governo de São Paulo
tomar as providências necessárias para reafirmar com urgência
a legitimidade do órgão de perícia criminal. Se houver funcionários corruptos, que sejam afastados. Do contrário, é imperativo
que não pairem dúvidas sobre
sua inocência.
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