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MARTA SALOMON
Quanto custa o voto?
BRASÍLIA - São conversas de corredor no Congresso. Um deputado faz
as contas e conclui que, cortados os
luxos e as gordurinhas, não gastará
menos de R$ 700 mil para se reeleger.
É pouco, diz um outro: por menos de
R$ 1 milhão -quase o que foi
apreendido na Lunus-, não há como entrar na disputa.
Os valores, embora superem de longe os salários que os personagens acima receberão nos próximos quatro
anos, caso sejam eleitos, não são absurdos perto do recorde da campanha de 98. O senador José Alencar declarou à Justiça eleitoral gastos de R$
3,89 milhões.
É provável até que as contas da próxima eleição caminhem numa direção oposta à dos preços da economia
do dia-a-dia, segundo lógica própria.
Uma certa deflação é esperada. Consequência do ritmo mais lento da
economia e, principalmente, do crescente receio dos financiadores com a
política.
Menos arriscado é prever que mais
uma eleição virá sem que se saiba
exatamente seu custo nem quem
banca a conta. O delicado debate sobre financiamento eleitoral foi abatido um tempo e muito debate depois
das reportagens da Folha que apontaram a existência de caixa dois na
campanha do presidente Fernando
Henrique Cardoso, no final de 2000.
O Senado ainda aprovou projeto de
financiamento público de campanha. Estimava um custo de R$ 7 por
eleitor. Logo depois, deu-se um raro e
silencioso pacto entre governo e oposição. Ficou tudo na mesma.
Nos EUA, o Congresso proibiu recentemente empresas de financiarem
diretamente candidatos. Aqui, o que
vale ainda é um sistema dominado
por grandes empreiteiras e bancos.
Dias atrás, o empresário Eugênio
Staub propôs a criação de fundos
bancados por empresários. Seriam
administrados (e partilhados) pelo
Estado. Nenhum sinal de empolgação por ora.
Dizem que a campanha deste ano
vai girar entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões. Na falta de transparência, será
mais um chute e campo fértil para as
denúncias do futuro.
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