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MARCELO BERABA
O teste da Bené
RIO DE JANEIRO - O crime desorganizado está testando o governo Benedita da Silva (PT), no Rio. Ontem,
dois postos de policiamento em favelas foram atacados, até mesmo com
granadas, e seus sentinelas acuados.
Na noite de terça, aconteceu o caso
mais ousado, quando um pequeno
bando metralhou o prédio onde funcionam a Secretaria de Direitos Humanos e o Departamento do Sistema
Penitenciário.
Esses desafios não são novidades. Já
aconteceram, em escalas diferentes,
dezenas de vezes. Os governos costumam interpretá-los como atos de desespero dos bandidos. No caso do Rio,
os ataques seriam uma reação às
ações bem-sucedidas da polícia nos
últimos 40 dias. Será?
O mais provável é que estejam apenas testando os limites e pontos fracos da política de segurança do novo
governo.
Houve uma mudança evidente nos
discursos e na posição da cúpula da
polícia depois que Benedita assumiu.
O que os bandidos parecem querer
saber é se esse novo governo é frouxo
e até onde podem ir.
O desmantelamento de uma grande quadrilha do narcotráfico, a do
Uê, e a prisão de um traficante muito
procurado, Celsinho da Vila Vintém,
mostram a disposição do governo.
Mas esses êxitos não afetaram o tráfico a ponto de o desespero provocar
ações espetaculares.
Mais do que essas prisões, importantes, a novidade na polícia do Rio
parece ser a disposição de trabalhar
com a Polícia Federal e a Guarda
Municipal. A cúpula anterior tinha
um discurso de prepotência que isolou a polícia. Ela brigou com a PF,
com a Guarda Municipal, com o governo de São Paulo e, na prisão de
Fernandinho Beira-Mar, até com o
Itamaraty e o governo da Colômbia.
Benedita está sendo desafiada a
mostrar que a nova posição de trabalho integrado e o discurso contido
não são sinais de fraqueza, ao contrário. Para isso, terá de provar a eficácia da sua política de segurança.
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