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OCUPAÇÃO DA MÁQUINA
Dois anos depois de o PT conquistar a Presidência da República, a contribuição obrigatória proveniente de seus filiados cresceu
mais de sete vezes. As contas relativas a 2004, apresentadas pela legenda ao Tribunal Superior Eleitoral,
mostram que essa modalidade de arrecadação atingiu R$ 3,32 milhões
no ano passado, contra R$ 341 mil
em 2002. Considerada a inflação do
período, o aumento foi de 730% -e
seria maior, caso os números levassem em conta a parcela extraída dos
parlamentares petistas, que é contabilizada separadamente.
O "dízimo", como é conhecida a
contribuição obrigatória, foi adotado pelo PT já em seu início, com o intuito de arrecadar fundos para a
construção do partido. O sistema é
progressivo, estipulando quantias
maiores para os que ganham salários mais elevados.
O extraordinário crescimento dos
recursos provenientes do "dízimo"
indica uma considerável elevação do
número de militantes petistas empregados na máquina pública. É natural que partidos políticos alojem
seus quadros em posições relevantes
do Estado quando chegam ao poder.
Num país como o Brasil, no entanto,
que se ressente de uma burocracia
pública mais organizada e estável,
esse processo não raro resvala para o
empreguismo e o "aparelhamento"
da estrutura governamental.
No que tange ao PT, este último
processo é o que mais tem despertado críticas. Há uma percepção generalizada de que o partido adotou uma
estratégia de ocupação maciça de
postos na máquina pública. Residem nisso, aliás, alguns dos problemas que abalam as relações entre o
Executivo e a chamada base aliada.
Embora conte com menos de 20%
dos votos no Legislativo federal, o
PT, segundo estimativas de políticos
ligados ao próprio governo, contaria
com cerca de 80% dos cargos com
efetivo poder decisório.
Esse condenável processo de politização da máquina estatal contraria
os bons princípios republicanos e
tende a se revelar nocivo ao bom desempenho técnico do setor público.
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