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ALTERNATIVA ÀS COTAS
Merece atenção a proposta
do Ministério da Educação
(MEC) e da USP de tentar ampliar a
presença de alunos pobres nas universidades públicas oferecendo-lhes
reforço escolar. O projeto desponta
como uma interessante alternativa à
política de cotas raciais.
A idéia é identificar através de exames periódicos como o Saeb e o Saresp os alunos mais talentosos da rede pública e ministrar-lhes aulas extras de modo a que, ao final do ciclo
médio, possam competir por uma
vaga nas melhores universidades em
igualdade de condições com os estudantes que freqüentam colégios de
elite e cursinhos. As instituições públicas de ensino superior teriam metas de inclusão a perseguir.
A grande vantagem desse sistema
sobre as cotas raciais ou mesmo sociais é que ele é mais republicano.
Todos entram na universidade pela
mesma porta, sem que ninguém ganhe pontos extras devido à cor da pele ou à condição financeira. Sua limitação, também evidente, é que ele só
pode ser aplicado a uma pequena elite intelectual do ensino público.
Esta Folha, que tem se oposto às
cotas por defender a seleção por mérito e a idéia fundamental de que todos devem receber idêntico tratamento, vê com bons olhos a proposta do reforço escolar.
Aulas extras gratuitas não se confundem com pontos extras num
concurso público. É o caso de acompanhar mais de perto as experiências
de suplementação de ensino já em
curso para uma avaliação mais criteriosa de sua viabilidade e expansão.
Mesmo que elas se revelem um sucesso, o poder público não estará
isento de sua tarefa de melhorar a
qualidade do ensino público básico.
Universidades que contemplam a
pesquisa, como as paulistas e a
maioria das federais, por sua própria
natureza se reservam a uma pequena
parcela da população. Por mais democratizadas que venham a ser, continuarão atendendo a uma elite intelectual. Já uma formação básica de
qualidade, essa é em princípio universalizável e deve ser perseguida por
uma questão de cidadania.
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