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Socorro ao professor
Debate pedagógico passa ao largo da questão disciplinar, um equívoco grave diante da violência crescente nas escolas
A EDUCAÇÃO básica no
Brasil ainda é precária,
em particular nas redes oficiais de ensino.
Mediocridade e letargia se patenteiam a cada resultado da pletora de exames e índices surgidos na última década. Bem encaminhada a meta da universalização do acesso e superada a controvérsia sobre avaliações de desempenho, resta roer o caroço
duro do próprio aprendizado.
A batalha terá de ser vencida
com uma estratégia de requalificar professores e remunerá-los
melhor. Essa classe desprestigiada já se vê, contudo, acossada por
outra conflagração: a indisciplina, quando não a agressão praticada por uma parcela dos alunos.
O aumento da violência juvenil
é um problema das sociedades
contemporâneas que não afeta
apenas a escola. Agrava-se conforme pais de todos os estratos se
omitem e transferem a responsabilidade primeira pela socialização de crianças e jovens ao
educador.
O tumulto de quinta-feira entre policiais militares e estudantes numa escola estadual da capital paulista constitui apenas
mais um episódio a lamentar,
não exceção. Após erupção semelhante em novembro, o governo estadual prometera um
plano antiviolência, que até hoje
não veio a público. Levantamento do sindicato de diretores Udemo indicou que 86% das 683 escolas que responderam a questionário (de um total de 5.300)
tinham vivido casos de violência.
Combater a escalada implica
afrontar a mescla de democratismo e leniência que tomou de assalto o aparelho educacional brasileiro. Tornou-se pedagogicamente incorreto lançar mão de
medidas disciplinares. O diálogo
por certo representa o melhor
caminho, mas não quando se trata de ameaça ou desrespeito ao
professor.
Em nome de incentivar a afirmação da individualidade do aluno, tolera-se todo tipo de abuso.
Não é só de guias curriculares
que necessita o docente, mas de
orientação prática e eficaz sobre
como proceder em casos disciplinares, dos simples aos graves.
Todo projeto pedagógico tem de
implementar medidas para assegurar a tranquilidade e a concentração sem as quais não há
aprendizado possível.
É injusto deixar só com os professores mais essa responsabilidade. Eles em geral figuram entre as vítimas dessa deterioração
no convívio. Para reconquistar o
prestígio em erosão, não é só de
salários, carreiras e bônus que
precisam, mas da intervenção
decidida das autoridades educacionais na questão da disciplina.
Cabe a elas rever gradação,
condições e limites das punições
aplicáveis, criar procedimentos
para situações excepcionais e
também serviços especializados
de assistência ao professor
ameaçado. Sem esse mínimo de
garantias, cada vez menos talentos estarão dispostos a seguir a
carreira de professor, decisiva
para reduzir a iniquidade social
no país.
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