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Editoriais
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Gangorra cambial
A DESPEITO das intervenções do Banco Central, a
moeda brasileira se valoriza. A cotação do dólar fechou
em R$ 2,11 na sexta. No ano, o
real acumula ganho de 9,5%.
Em boa medida, a alta do real
corrige a sua acentuada desvalorização após o agravamento da
crise internacional, em meados
de setembro de 2008. Porém a
retomada dos fluxos de entrada
de dólares de exportadores, de
investidores estrangeiros e de
multinacionais reforça a probabilidade de a taxa de câmbio baixar, rapidamente, do patamar de
dois reais por dólar.
Oscilações expressivas e repentinas no câmbio perturbam o
planejamento das empresas, sejam importadoras, sejam exportadoras. Além disso, a hipótese
em curso -de uma valorização
meteórica- recoloca a ameaça
da retomada de operações financeiras muito arriscadas, realizadas por várias empresas no auge
da euforia financeira global.
Desde setembro de 2008, as
companhias brasileiras diminuíram em 40% a exposição à variação da taxa de câmbio nos famigerados mercados de derivativos. Especula-se que essas operações tenham redundado em
prejuízo de US$ 25 bilhões, distribuído entre 3.000 empresas.
A renegociação dos contratos
com os credores comprometeu a
capacidade dessas companhias
de tomar novos empréstimos para aumentar a sua capacidade
produtiva. Algumas delas foram
forçadas a ampliar seu grau de
endividamento para evitar insolvência. A elevada incerteza introduzida por esses contratos
complexos e opacos agravou a
contração do crédito no mercado
doméstico.
As autoridades precisam estar
atentas para evitar a repetição de
um ciclo insensato de apostas especulativas. Vale lembrar que a
incúria nessa tarefa redunda em
prejuízos para o emprego e até
para o setor público -que não
raro acaba instado a deslanchar
onerosas operações de socorro
financeiro emergencial.
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