São Paulo, domingo, 17 de maio de 2009

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Editoriais

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Gangorra cambial

A DESPEITO das intervenções do Banco Central, a moeda brasileira se valoriza. A cotação do dólar fechou em R$ 2,11 na sexta. No ano, o real acumula ganho de 9,5%.
Em boa medida, a alta do real corrige a sua acentuada desvalorização após o agravamento da crise internacional, em meados de setembro de 2008. Porém a retomada dos fluxos de entrada de dólares de exportadores, de investidores estrangeiros e de multinacionais reforça a probabilidade de a taxa de câmbio baixar, rapidamente, do patamar de dois reais por dólar.
Oscilações expressivas e repentinas no câmbio perturbam o planejamento das empresas, sejam importadoras, sejam exportadoras. Além disso, a hipótese em curso -de uma valorização meteórica- recoloca a ameaça da retomada de operações financeiras muito arriscadas, realizadas por várias empresas no auge da euforia financeira global.
Desde setembro de 2008, as companhias brasileiras diminuíram em 40% a exposição à variação da taxa de câmbio nos famigerados mercados de derivativos. Especula-se que essas operações tenham redundado em prejuízo de US$ 25 bilhões, distribuído entre 3.000 empresas.
A renegociação dos contratos com os credores comprometeu a capacidade dessas companhias de tomar novos empréstimos para aumentar a sua capacidade produtiva. Algumas delas foram forçadas a ampliar seu grau de endividamento para evitar insolvência. A elevada incerteza introduzida por esses contratos complexos e opacos agravou a contração do crédito no mercado doméstico.
As autoridades precisam estar atentas para evitar a repetição de um ciclo insensato de apostas especulativas. Vale lembrar que a incúria nessa tarefa redunda em prejuízos para o emprego e até para o setor público -que não raro acaba instado a deslanchar onerosas operações de socorro financeiro emergencial.


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