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Desaceleração localizada
O desempenho das vendas do
comércio varejista em março, o último dado tornado disponível, ficou dentro das expectativas. Não
trouxe, porém, o que mais se esperava -uma contribuição clara para reduzir a inflação.
Segundo o indicador que o IBGE denomina de ampliado, por incluir concessionárias de automóveis e motos e lojas de material de
construção, o volume de vendas
superou em 1,7% o apurado em fevereiro (descontadas as flutuações típicas de cada mês). Na mesma comparação, o varejo restrito
(que exclui os segmentos listados
acima) teve expansão de 1,2%.
É notório que as leituras mais
recentes da Pesquisa Mensal do
Comércio foram perturbadas pelo
fato de que, atipicamente, o feriado do Carnaval foi comemorado
não em fevereiro, mas em março.
Vale a pena, por isso, concentrar a
análise da evolução das vendas
nos resultados do primeiro trimestre considerado como um todo.
O volume de vendas do varejo
ampliado teve no período, na
comparação com o quarto trimestre de 2010, crescimento de 0,8%.
Isso marcou uma desaceleração,
pois as vendas tinham crescido
3% do terceiro para o quarto trimestre do ano passado.
O segmento do varejo que mais
contribuiu para essa desaceleração foi o das concessionárias de
automóveis. Essa constatação não
surpreende, pois as medidas que o
governo vem adotando desde dezembro com o objetivo de moderar
o ritmo de crescimento do crédito
afetaram com especial intensidade os bancos das montadoras.
O aumento da proporção do valor do carro a ser pago como entrada, a redução do número de parcelas mensais e o aumento da taxa
de juros embutida nos contratos
de venda a prazo espantaram uma
parcela dos consumidores.
No caso dos demais bens de
consumo duráveis, no entanto, foi
bem mais limitada a contenção
das vendas induzida pelas medidas adotadas pelas autoridades.
Essas iniciativas abarcam, vale
lembrar, além das medidas ditas
macroprudenciais (limitadoras do
volume de recursos que os bancos
têm à disposição para emprestar),
também os sucessivos aumentos
da taxa de juros básica (Selic).
A desaceleração das vendas,
além de desigual entre os segmentos, tem se revelado insuficiente
para conter o fôlego da inflação.
Por isso, continua forte a expectativa de que novos aumentos da
Selic, e mesmo outras medidas
voltadas a desacelerar o crédito,
virão nas próximas semanas.
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