São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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DINHEIRO AOS PEQUENOS

As experiências com programas de microcrédito se espalham pelo país. Nos últimos três anos, mais do que dobrou, chegando a 200, o número de instituições que oferecem essa modalidade de crédito. As experiências têm se mostrado positivas -mas as limitações que ainda apresentam são relevantes.
O microcrédito se caracteriza por visar a atender, preferencialmente, pessoas e microempresas que em geral não têm acesso a empréstimos de bancos. Assim, o valor médio das operações, destinadas a financiar investimentos ou capital de giro, é baixo (da ordem de R$ 1,5 mil); o custo do crédito é bastante inferior ao cobrado pelo sistema financeiro; e os requisitos para ter acesso aos empréstimos são brandos.
O microcrédito é um meio de gerar empregos que se destaca pelo custo baixo. São evidentes as vantagens da geração de emprego como mecanismo de inclusão social comparativamente a programas de caráter assistencialista. Estes apenas mitigam os efeitos mais perversos da penúria econômica, ao passo que o microcrédito pode propiciar ao beneficiário uma autonomia mais condizente com o pleno exercício da cidadania.
Uma primeira limitação do microcrédito no Brasil, hoje, é óbvia: ele movimenta montante reduzido de recursos. Embora não haja dados consolidados, estima-se que o microcrédito, somando-se mais de 1 milhão de operações, não chegue a 1% dos R$ 335 bilhões ofertados pelo sistema financeiro nacional.
Mas essa limitação quantitativa não é o ponto a destacar. O que se requer é atrelar a geração de empregos viabilizada pelo microcrédito a iniciativas mais gerais, que ajudem a economia a crescer mais. Por exemplo, sabe-se que os pequenos empreendimentos brasileiros têm muito pouco acesso ao mercado externo -diferentemente do que ocorre nos EUA e na Itália, por exemplo, onde empresas de pequeno porte têm papel importante nas exportações do país.
Articular o microcrédito com mecanismos que facilitem a exportação da produção dos microempreendimentos seria importante não só da ótica da criação de empregos mas também da necessária redução da vulnerabilidade das contas externas.



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