São Paulo, segunda-feira, 17 de junho de 2002

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PAINEL DO LEITOR

Custo Brasil
"Já é hora de mudar o disco. Quem sabe desta vez a tal reforma tributária se torna realidade? Todo candidato promete mundos e fundos, mas, ao tomar posse -e sob as mais variadas alegações-, faz crescer ainda mais a carga tributária. Impostos e taxas se sobrepõem numa trabalheira contábil sem fim, onerando os setores produtivos, inviabilizando-os como exportadores e fragilizando-os internamente. É consenso que a carga tributária brasileira é das mais elevadas do mundo, no entanto seu retorno à coletividade é quase nenhum. Também é consenso que a reforma tributária é a solução, mas fica sempre só na conversa. Espero que o próximo presidente tenha lucidez para implantá-la o mais rapidamente possível, tornando o elevado custo Brasil um empecilho do passado."
Humberto Schuwartz Soares (Vila Velha, ES)

Tim Lopes
"O artigo do jornalista Janio de Freitas "Tim e os outros" (Brasil, pág. A5, 16/6) deveria ser afixado nas portas de todas as redações dos grande jornais do nosso país. O jornalista mostra que a mídia brasileira é capaz de usar a tragédia de um jornalista e encobrir as verdadeiras razões que colocaram o Brasil entre os países mais violentos do mundo."
José Silveira da Rosa Filho (Brasília, DF)

A preços de mercado
"Em 13/6, a Folha publicou uma tabela com os salários médios dos funcionários da Câmara Municipal de São Paulo ("FGV apresenta propostas para diminuir gastos na Câmara de SP", Cotidiano, pág. C8). Só para lembrar, o salário médio de um bibliotecário é de R$ 8.561; o de um tapeceiro é de R$ 4.738; o do barbeiro, de R$ 2.720; e o de um ascensorista é de R$ 2.467. Esses números representam o salário mensal, e não o anual. Nada contra esse pessoal receber salário de Primeiro Mundo, oxalá todos os brasileiros tivessem semelhante remuneração. O único problema é que esses salários, fora da faixa do mercado de trabalho, são pagos com dinheiro público, que deixa de ser aplicado em hospitais (muitas vezes sem esparadrapo) e em escolas (algumas feitas de lata). Até que aceito mordomias para os vereadores (o que seria de nós sem eles?), mas, por favor, a preços de mercado."
Delcio Astolpho (São Paulo, SP)

O país dos Houyhnhnms
"As considerações do sr. Marco Aurélio de Mello ("O Brasil lugnagiano", "Tendências/Debates", pág. A3, 14/6) chamam nossa atenção para mais uma contradição da sociedade brasileira. A de que a velhice seria um castigo, e não uma conquista que deve ser valorizada por todos. Já que o articulista citou, com propriedade, o clássico "As Viagens de Gulliver", de Jonathan Swift, levou-me a outra parte da obra, àquela em que os cavalos (Houyhnhnms) tinham características de humanos e os humanos (Yahoos), de animais. Algo fantasioso, porém não muito distante de nossa realidade. Seria bom para todos nós que, por meio de "sátiras" como a de Swift, pudéssemos enxergar a dura realidade em que vivemos. Não só a da aposentadoria para os membros da magistratura mas também a da saúde pública precária, a da educação irreal e a da violência gritante."
Sérgio Barbosa de Souza, professor de língua portuguesa do colégio Dante Alighieri (São Paulo,SP)

"O artigo "O Brasil lugnagiano", do dr. Marco Aurélio de Mello, presidente do STF, lembrou-me o discurso do dr. Alberto Brandão Muylaert, procurador-chefe da procuradoria da República em São Paulo, pronunciado em 1976, por ocasião da aposentadoria compulsória do desembargador. Moacir César de Almeida Bicudo, presidente do TRE. Enaltecendo as qualidades do homenageado e sentindo o seu afastamento da presidência do Tribunal Regional Eleitoral, o orador afirmou que estava ocorrendo uma situação paradoxal: uma aposentadoria compulsória prematura. O critério da aposentadoria baseada apenas na idade, em vez de no tempo de serviço, não pode ser generalizada a todas as atividades, pois corre-se o grande risco de não se obter o retorno dos investimentos aplicados ou ainda o risco de aumentar as despesas que se julga economizar."
Rodolpho Pereira Lima, professor aposentado do magistério estadual (Bauru, SP)

Salvador da pátria
"Em meados da década de 80, quando a sociedade brasileira, já saturada dos militares no poder, clamava por renovação na vida política do país, os mandatários da vez usaram a máquina e a mídia para gritar aos quatro ventos que eles eram os únicos e legítimos salvadores da pátria e que, sem eles, estaríamos no caos, no limbo social. É duro constatar que, uma década e meia depois, a história se repete. E pior, com apoio de cátedras internacionais. Talvez seja mesmo no fundo do poço que uma nação encontre impulso suficiente para seguir avante."
Claudemir Nery de Lima (Uberaba, MG)

Igreja e Estado
"No artigo 'O buraco da fechadura" ("Tendências/Debates", pág. A3, 9/6), o mestre Rubem Alves se declarou "confuso acerca das propostas educacionais do PT", pois Lula disse ser favorável ao estudo obrigatório da "Bíblia" nas escolas. Esclareço, como membro do diretório nacional do partido, que nosso programa defende tanto a liberdade religiosa quanto a escola laica e o princípio republicano que separa igreja de Estado. Essa manifestação de Lula não expressa nenhuma opinião partidária. E ele não vai reiterá-la nem muito menos praticá-la se eleito presidente. A educação religiosa é tarefa autônoma das diferentes confissões, inclusive das de origem africana, sempre esquecidas. Dom Hélder Câmara, aliás, gostava de repetir que, "o único Evangelho que muitas pessoas vão ler é o nosso exemplo de vida". A biografia predominantemente coerente e ética de pessoas como Lula ou um professor regente de turma vale mais do que qualquer doutrinação compulsória."
Chico Alencar, deputado estadual, líder PT na Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro, RJ)

Prevenção
"Do verbo "prevenir", utilizado em editorial publicado em 15/6 ("Prevenir homicídios" (Opinião, pág. A2), extrai-se a palavra-chave que nos levará ao reencontro da paz social: prevenção. Associada à política de polícia comunitária, integrando comunidade e Estado, a prevenção é o único meio de proporcionar mais segurança ao cidadão. Os espaços sociais devem ser ocupados pelo povo, e não por aqueles que o agridem.
William Salles, capitão da Polícia Militar do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)

Copa, emprego e respeito
"Em relação à mudança de horário em empresas, bancos e repartições públicas devido ao jogo de hoje, gostaria de dizer que tenho nojo de um país em que se dá mais valor a uma partida de futebol do que ao próprio emprego. Depois não sabem por que ninguém respeita brasileiro."
Luciana Girard (São Paulo, SP)

O lado certo
"Os artigos de Octavio de Barros ("Tiro no pé') e de Leda Maria Paulani ("O crescimento é a reestruturação", "Tendências/Debates", pág. A3, 15/6) retratam claramente quem realmente pensa no país e quem pensa em seus próprios bolsos. De um lado, banqueiros querendo manter seus altos lucros nas negociações com títulos públicos em detrimento da atividade produtiva. De outro, pessoas sérias tentando dar suas contribuições ao processo de retomada do crescimento, sendo por vezes tachadas até de messiânicas. Espero que a nossa equipe econômica fique do lado certo desta vez."
Pablo Henrique Rebelo (Itajubá, MG)



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