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A bem do serviço público
O GOVERNO federal finalmente parece mover-se
na direção de pôr fim aos
abusos grevistas no setor público. Diante das paralisações prolongadas no Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) e no Ibama (Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e
dos Recursos Naturais Renováveis), determinou o corte no
ponto dos servidores.
O movimento no Ibama, por
exemplo, se arrasta há mais de
um mês. Seu estopim foi o desmembramento do órgão, que viu
seu setor de unidades de conservação convertido no recém-criado Instituto Chico Mendes. Supostamente, trata-se de resistir à
ameaça imaginária de facilitação
do licenciamento ambiental,
mas fica mais e mais evidente
que o motivo da paralisação é
corporativismo, não bom-mocismo: prevenir a prometida regulamentação do direito de greve
no setor público pelo governo de
Luiz Inácio Lula da Silva.
O ex-sindicalista na Presidência da República já tornou claro
seu pensamento sobre paralisações prolongadas com pagamento dos dias parados, qualificando-as como "férias". Dado que
seu único efeito -o instrumento
de chantagem- é prejudicar cidadãos mais pobres com a interrupção de serviços públicos, cogitam-se regras para garantir sua
manutenção em nível mínimo.
Pelo que já veio a público sobre
o anteprojeto em gestação, a
idéia é descontar dias parados do
pagamento dos grevistas e determinar a continuidade de 40%
dos serviços. Em duas dezenas
de setores classificados como essenciais, de hospitais a controle
de tráfego aéreo, as paralisações
teriam restrições ainda maiores,
com percentuais de até 80%. A
proposta é boa e deve ser aprovada. Precisaria ainda prever demissões sumárias a bem do serviço público.
O anteprojeto deveria ter seguido ao Congresso em maio,
mas continua na Casa Civil. Agora é a hora de tirá-lo da gaveta.
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