São Paulo, sexta-feira, 17 de junho de 2011

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Editoriais

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Crédito para o BC

Os indícios de desaceleração da economia brasileira começam a se avolumar. Depois da inesperada queda da produção industrial em abril, nos últimos dias vieram a público informações que apontam na mesma direção -e sinalizam condições mais propícias para o controle da inflação.
As vendas do comércio varejista foram mais fracas, em abril, do que antecipavam os analistas de bancos e consultorias. O crescimento das vendas do varejo ampliado -que inclui lojas de materiais de construção, automóveis e motos- foi bem menor do que em março (na comparação com o mês imediatamente anterior). E o varejo restrito (que exclui aqueles estabelecimentos) teve pequena queda de vendas sobre março.
Na indústria de materiais de construção, o otimismo dos empresários em relação às vendas vem diminuindo. No início do ano, a associação do setor projetava faturamento 9% maior do que em 2010. Essa previsão já foi revisada para 7%, e fala-se em nova redução, para a vizinhança de 5%.
Nem todos os sinais são negativos. Um exemplo importante, pela abrangência: o índice mensal IBC-Br, calculado pelo Banco Central para estimar a evolução do PIB, teve alta de 0,44% de março para abril, um ritmo reconfortante.
A expansão da atividade econômica, em suma, prossegue, mas em ritmo mais comedido. As projeções para o crescimento do PIB no ano vêm sendo moderadamente revistas para baixo. A perda de impulso das economias desenvolvidas, como a dos EUA, contribui para isso. E as iniciativas da política econômica brasileira também, certamente, com destaque para a ação do Banco Central.
O ceticismo do mercado em relação à eficácia anti-inflacionária do BC, crescente na virada do ano, parece refluir. O recurso a medidas que reduziram o volume de dinheiro à disposição dos bancos para emprestar causou desconforto no mercado financeiro. No entanto, combinado com sucessivas, mas cautelosas, elevações da taxa básica de juros, parece vir produzindo o resultado almejado.
O crédito ficou mais caro e seu ritmo de expansão, sobretudo no financiamento do consumo, diminuiu -e, assim, tanto a taxa de inflação quanto as expectativas sobre sua evolução têm recuado. Outros fatores, como a acomodação das cotações das commodities, contribuíram para a redução dos temores inflacionários.
Fica claro que a ação do BC, após significativa melhora na capacidade de comunicar com clareza ao público suas avaliações e intenções, ganhou crédito na praça.


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