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Editoriais
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Crédito para o BC
Os indícios de desaceleração da
economia brasileira começam a se
avolumar. Depois da inesperada
queda da produção industrial em
abril, nos últimos dias vieram a
público informações que apontam na mesma direção -e sinalizam condições mais propícias para o controle da inflação.
As vendas do comércio varejista
foram mais fracas, em abril, do
que antecipavam os analistas de
bancos e consultorias. O crescimento das vendas do varejo ampliado -que inclui lojas de materiais de construção, automóveis e
motos- foi bem menor do que em
março (na comparação com o mês
imediatamente anterior). E o varejo restrito (que exclui aqueles estabelecimentos) teve pequena queda de vendas sobre março.
Na indústria de materiais de
construção, o otimismo dos empresários em relação às vendas
vem diminuindo. No início do
ano, a associação do setor projetava faturamento 9% maior do que
em 2010. Essa previsão já foi revisada para 7%, e fala-se em nova
redução, para a vizinhança de 5%.
Nem todos os sinais são negativos. Um exemplo importante, pela
abrangência: o índice mensal IBC-Br, calculado pelo Banco Central
para estimar a evolução do PIB, teve alta de 0,44% de março para
abril, um ritmo reconfortante.
A expansão da atividade econômica, em suma, prossegue, mas
em ritmo mais comedido. As projeções para o crescimento do PIB
no ano vêm sendo moderadamente revistas para baixo. A perda de
impulso das economias desenvolvidas, como a dos EUA, contribui
para isso. E as iniciativas da política econômica brasileira também,
certamente, com destaque para a
ação do Banco Central.
O ceticismo do mercado em relação à eficácia anti-inflacionária
do BC, crescente na virada do ano,
parece refluir. O recurso a medidas que reduziram o volume de dinheiro à disposição dos bancos
para emprestar causou desconforto no mercado financeiro. No entanto, combinado com sucessivas, mas cautelosas, elevações da
taxa básica de juros, parece vir
produzindo o resultado almejado.
O crédito ficou mais caro e seu
ritmo de expansão, sobretudo no
financiamento do consumo, diminuiu -e, assim, tanto a taxa de inflação quanto as expectativas sobre sua evolução têm recuado.
Outros fatores, como a acomodação das cotações das commodities, contribuíram para a redução
dos temores inflacionários.
Fica claro que a ação do BC,
após significativa melhora na capacidade de comunicar com clareza ao público suas avaliações e intenções, ganhou crédito na praça.
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