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ACORDO COM O FMI
Segundo o ministro do Planejamento, Guido Mantega, já está
"amadurecida" no governo a proposta de que gastos em infra-estrutura sejam considerados como investimento e não como despesa no cálculo do superávit das contas públicas.
O tema data do governo anterior, que
já cobrara do FMI uma redefinição
dos critérios contábeis.
O acordo com o Fundo limita o investimento público em áreas essenciais, como saneamento básico, portos e estradas, pois os recursos aplicados contribuiriam para desequilibrar a contabilidade do superávit primário. Como se sabe, o Estado brasileiro compromete-se com o Fundo a
gerar 4,25% de saldo nas contas do
setor público com vistas ao pagamento de parte dos juros da dívida.
Recentemente o FMI emitiu sinais
de que o pleito brasileiro poderia ser
atendido e, após estudos, chegou-se
à idéia de testá-lo em alguns projetos
a partir do ano que vem. Na próxima
terça-feira desembarca no Brasil a diretora de Assuntos Fiscais da instituição para debater o assunto com
representantes brasileiros.
O avanço das negociações seria
uma boa notícia para o país, mas é
preciso lembrar que o compromisso
com o FMI expira em dezembro e o
governo, a começar pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, tem declarado que não haverá renovação. Sendo assim, como explicar o empenho
em mudar critérios de um acordo ao
qual o país não estaria mais submetido a partir de 2005?
De certa forma, um sinal verde obtido agora tornaria mais defensável,
aos olhos dos mercados, eventuais
decisões de elevar os investimentos
em infra-estrutura a partir do ano
que vem, mesmo sem a existência de
um acordo com o FMI. Outra hipótese é o governo estar trabalhando com
a possibilidade de manter, se não um
acordo nos moldes do atual, algum
outro tipo de entendimento com o
Fundo com vistas a torná-lo fiador de
decisões internas.
Em todas alternativas continua
sendo fundamental que o país possa
encontrar maior liberdade para o investimento público.
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