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TÍMIDO AVANÇO
É grave a suspeita de que o governo federal tenha fornecido
propositalmente à ONU dados que
influíram no rebaixamento do IDH
do Brasil. As acusações, cujo principal arauto é o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, dizem respeito à suposta preferência dada ao
envio de índices de analfabetismo
obtidos pelo Censo, ou seja números
relativos a 2000 e não a 2002, ano-base do IDH. Segundo Paulo Renato, o
governo poderia ter enviado dados
da Pnad (Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios) de 2002 que
melhorariam a posição do Brasil na
pesquisa da ONU -se não o fez, foi
por razões políticas.
O IDH (Índice de Desenvolvimento
Humano) é um indicador da ONU
que cruza fatores econômicos e sociais para medir o desenvolvimento
da população de uma determinada
região. Com base nos resultados obtidos, a ONU elabora anualmente
um ranking do desenvolvimento
mundial. O Brasil, que ocupava o 65º
lugar da lista, atualmente está no 72º.
É difícil determinar qual das fontes
de dados seria mais apropriada para
servir de base à mensuração do IDH.
Tanto o Censo quanto a Pnad possuem vantagens e desvantagens, do
ponto de vista técnico. A pesquisa
realizada pelo Censo abrange uma
área maior que a da Pnad. No entanto, a coleta de dados ocorre uma vez a
cada dez anos.
Questões técnicas à parte, o fato é
que, mesmo com as melhores informações disponíveis, o IDH do Brasil
continuaria baixo. Estima-se que, caso fossem utilizadas as estatísticas
sugeridas pelo tucano, o país poderia
subir no máximo para a 55ª colocação, situando-se na fronteira entre os
países que tem desenvolvimento humano elevado e aqueles cujo desenvolvimento é apenas médio.
Melhoraria, sem dúvida, a avaliação da era Fernando Henrique Cardoso, mas ainda assim é forçoso reconhecer que os progressos do Brasil permaneceriam tímidos.
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