São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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TÍMIDO AVANÇO

É grave a suspeita de que o governo federal tenha fornecido propositalmente à ONU dados que influíram no rebaixamento do IDH do Brasil. As acusações, cujo principal arauto é o ex-ministro da Educação Paulo Renato Souza, dizem respeito à suposta preferência dada ao envio de índices de analfabetismo obtidos pelo Censo, ou seja números relativos a 2000 e não a 2002, ano-base do IDH. Segundo Paulo Renato, o governo poderia ter enviado dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) de 2002 que melhorariam a posição do Brasil na pesquisa da ONU -se não o fez, foi por razões políticas.
O IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) é um indicador da ONU que cruza fatores econômicos e sociais para medir o desenvolvimento da população de uma determinada região. Com base nos resultados obtidos, a ONU elabora anualmente um ranking do desenvolvimento mundial. O Brasil, que ocupava o 65º lugar da lista, atualmente está no 72º.
É difícil determinar qual das fontes de dados seria mais apropriada para servir de base à mensuração do IDH. Tanto o Censo quanto a Pnad possuem vantagens e desvantagens, do ponto de vista técnico. A pesquisa realizada pelo Censo abrange uma área maior que a da Pnad. No entanto, a coleta de dados ocorre uma vez a cada dez anos.
Questões técnicas à parte, o fato é que, mesmo com as melhores informações disponíveis, o IDH do Brasil continuaria baixo. Estima-se que, caso fossem utilizadas as estatísticas sugeridas pelo tucano, o país poderia subir no máximo para a 55ª colocação, situando-se na fronteira entre os países que tem desenvolvimento humano elevado e aqueles cujo desenvolvimento é apenas médio.
Melhoraria, sem dúvida, a avaliação da era Fernando Henrique Cardoso, mas ainda assim é forçoso reconhecer que os progressos do Brasil permaneceriam tímidos.


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