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CLÓVIS ROSSI
Uma mulher impaciente
SÃO PAULO - Nem todas as mulheres têm a paciência que o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva atribui a elas.
Aliás, essa história de ficar pedindo
paciência, francamente, já encheu a
paciência, mas deixemos esse aspecto
para outra hora.
A mulher que perdeu a paciência
com o governo Lula chama-se Roseana Garcia e é viúva do prefeito de
Campinas, Toninho do PT, assassinado em 2001.
Roseana tem toda a razão do mundo para perder a paciência, porque o
tratamento a ela dado pelo presidente da República é revelador a respeito
da profunda transformação que o
poder operou em Lula -transformação para imensamente pior.
Vejamos: na posse, Lula fez questão
de afastar a segurança para abraçar
Roseana, com a qual se comprometeu a reabrir a investigação em torno
do assassinato de Toninho, militante
do PT nos 20 anos anteriores a seu assassinato.
Agora, ano e meio depois, Lula recusou-se a receber Roseana. A recusa
seria compreensível se Roseana pretendesse pedir uma boquinha no governo ou um empréstimo do BB, como estão fazendo os cantores Zezé di
Camargo e Luciano, que cantam para levantar dinheiro para a nova sede do PT (aliás, no luxo dos Jardins,
bem de acordo com o espírito do
"new PT").
Mas Roseana queria bem menos:
cobrar um compromisso (o de reabrir
a investigação).
Para quem, como Lula, vive dizendo que "um irmão nem sempre é um
companheiro, mas um companheiro
é sempre um irmão", dar as costas à
viúva de um "companheiro-irmão"
como foi Toninho do PT diz mais do
que muitas das políticas que seu governo pratica e que também nada
têm a ver com o que Lula dizia antes
de chegar ao conforto do poder.
Por isso, a impaciente Roseana diz:
"Esperava muito mais politicamente
do governo Lula".
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