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A GUERRA DA AIDS
O panorama da epidemia de
Aids no mundo vai assumindo
contornos cada vez mais sombrios.
É especialmente preocupante o ritmo com que a doença avança entre
as mulheres. Na faixa da população
jovem, dos 15 aos 24 anos, elas já respondem por 60% dos casos. Seu risco de contrair a moléstia já é três vezes maior que o dos homens.
Os números absolutos impressionam. O total de pessoas vivendo com
o HIV cresceu de 35 milhões em 2001
para 38 milhões em 2003. Só no ano
passado 3 milhões morreram por
causas relacionadas à doença. Desde
que surgiram os primeiros casos, em
1981, a Aids já matou 20 milhões.
São cifras que justificam a comparação que o secretário-geral da ONU,
Kofi Annan, fez da Aids com armas
de destruição em massa. Cobrando
uma maior participação dos EUA no
combate à epidemia, Annan lembrou que o terrorismo é uma preocupação devido à sua capacidade de
destruir milhares de vidas e acrescentou: "Mas eis aí uma epidemia matando milhões. Qual a reação? Precisamos de liderança, e os EUA têm o
dom da liderança devido a seu tamanho e seus recursos".
Seria injusto afirmar que a Casa
Branca assiste inerte ao avanço da
Aids. O presidente George W. Bush
anunciou que dará US$ 15 bilhões
em cinco anos para enfrentar a epidemia na África, no Caribe e no Vietnã. O problema é que os EUA vinculam essa ajuda à adoção de programas de prevenção baseados na abstinência sexual (uma das bandeiras de
Bush) e à utilização de medicamentos de marca, e não genéricos.
Num comunicado escrito, o presidente da França, Jacques Chirac classificou essas exigências como chantagem. De fato, a pressão contra o
uso de genéricos contraria acordo
firmado no âmbito da Organização
Mundial do Comércio em 2001, com
a anuência dos EUA, que reconhece
o direito de países pobres de quebrar
patentes em emergências sanitárias.
E, se a Aids não é uma emergência
sanitária, nada o será.
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