São Paulo, sábado, 17 de julho de 2004

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PAINEL DO LEITOR

Saúde
"As empresas de planos de saúde acumulam, historicamente, altos lucros com a gestão do "negócio" saúde. Todos sentem os reajustes dos últimos dez anos impostos pela política neoliberal. Nesse período, os médicos nada receberam, mas altíssimos percentuais de reajuste foram aplicados contra os usuários. Esses planos hoje pagam por uma consulta médica pouco mais do que se paga por um corte de cabelo. Como garantir a prestação de serviço de qualidade se as operadoras nos encaram como inimigos e não valorizam os profissionais que a elas garantem lucros astronômicos? Cientes de que somos responsáveis pelo bem maior, a vida, a situação insustentável mobiliza a classe médica para preservar a dignidade do ato médico. As empresas culpam os médicos, jogando contra eles o cliente. O médico, mais uma vez, é transformado no bode expiatório."
Mario Antonio Ferrari, presidente do Sindicato dos Médicos no Estado do Paraná (Curitiba, PR)

Telefônica
"Em 12/7, a Folha publicou a reportagem "Juiz suspende assinatura de telefone em SP", que traz equívocos de informação a respeito da Telefônica. Com chamada na Primeira Página e abre de página no caderno Dinheiro, a reportagem dizia que o juiz Paulo Cicero Augusto, da 1ª Vara Cível de Catanduva, suspendera a cobrança da taxa de assinatura de "todos os clientes" da Telefônica no Estado de São Paulo. Procurada no fim de semana, a assessoria de imprensa da Telefônica informou que desconhecia o teor de uma liminar com extensão a todos os clientes do Estado e que poderia apurar o assunto com precisão na segunda-feira. Infelizmente, a Folha entendeu que já havia obtido informações suficientes para sustentar um texto de tal importância. O fato é que houve falhas de apuração, pois, conforme reportagem publicada em 13/7, com texto bem mais discreto, na parte inferior do caderno Dinheiro, a própria Folha limitou-se a dizer que, "de acordo com o juiz", a decisão valia apenas para "os consumidores de linhas telefônicas da Comarca de Catanduva-SP". A repercussão negativa da primeira reportagem publicada gerou grande repercussão na mídia nacional -além de desgaste na imagem da empresa. Como estranhou-nos o fato de a Folha não ter registrado o equívoco cometido, tomamos a liberdade de alertá-los sobre o assunto, pois seguramente envolve boa parte dos leitores deste importante jornal."
Renato Gasparetto, diretor de Comunicação Corporativa do Grupo Telefônica no Brasil (São Paulo, SP)

Resposta do jornalista Marcos Cézari - Os autores da ação pediam uma liminar com alcance estadual contra a cobrança de assinatura dos clientes da Telefônica. No despacho original em que concedeu a liminar requerida, o juiz Paulo Cícero Augusto Pereira não limitou o alcance da decisão à Comarca de Catanduva. O próprio juiz só esclareceu o alcance limitado da liminar mais tarde, na noite de segunda-feira, em entrevista a uma rede de TV.

Avião x BR-101
"Foi uma coincidência interessante que na mesma sessão do Congresso em que foram destinados R$150 milhões para o avião do presidente foram também cortados R$160 milhões para a duplicação da BR-101. A partir de agora, os catarinenses, gaúchos e outros que perderem seus familiares nessa "estrada da morte" poderão olhar para cima e ficar felizes ao ver o nosso presidente passar, seguro e tranqüilo, em seu avião. Certamente se lembrarão disso nas eleições futuras."
Carlos Brisola Marcondes (Florianópolis, SC)

Santos Dumont
"Em relação à nota "Folha de arruda" ("Painel", Brasil, pág. A4, 16/7), sobre a escolha do nome do novo avião presidencial, julgo ser importante esclarecer pontos que passaram despercebidos. A escolha do nome do patrono da Aeronáutica e pai da aviação, Alberto Santos Dumont, para o novo avião presidencial é motivo de orgulho para todos os que integram a Força Aérea Brasileira. O gesto do presidente da República é visto como uma justa, digna e merecida homenagem ao insigne brasileiro, que tanto contribuiu com seus inventos para o desenvolvimento da humanidade. É importante entendermos que o vôo realizado com o 14 Bis em Paris foi o coroamento de todo um elenco de realizações importantes desse genial inventor e um dos marcos da história da aviação. Estamos convictos de que o nome de Alberto Santos Dumont é um exemplo da capacidade criativa do povo brasileiro e que, por meio de mais essa demonstração de reconhecimento e homenagem, continuará servindo para difundir uma imagem positiva de nossa nação."
Luiz Carlos da Silva Bueno, tenente-brigadeiro-do-ar, comandante da Aeronáutica (Brasília, DF)

PPP e corrupção
"É muito bom saber que a preocupação com as vulnerabilidades do projeto de lei de Parcerias Público-Privadas, em tramitação no Senado, começa a induzir o governo a mudar de atitude ("Sob críticas, governo admite mudar a PPP", Dinheiro, 16/7). O ministro Mantega ter admitido que o Executivo poderá concordar em retirar a simples construção de obras públicas do escopo das PPPs é um bom sinal. Isso, porém, está longe de ser suficiente. Por eximir a licitação de projetos de PPP da obediência integral à Lei de Licitações e Contratos, estabelece-se um mecanismo concorrencial que trará ineficiência econômica -por favorecer as megaempreiteiras (sendo, portanto, concentrador) e por introduzir graves vulnerabilidades à corrupção. O argumento fundamental em favor de parcerias público-privadas é o de que, com elas, se obteria uma maior eficiência econômica na alocação de recursos, com resultantes benefícios sociais e para o desenvolvimento. É um contra-senso que a introdução dessas parcerias seja feita de modo a reduzir essa eficiência."
Claudio Weber Abramo, diretor-executivo da Transparência Brasil (São Paulo, SP)

Investimento
"Concordo com Roberto Teixeira da Costa e com o teor do seu artigo "Investe Brasil tem solução" (Dinheiro, pág. B2, 15/7). De fato, o papel da agência de promoção de investimentos é crucial para o Brasil superar o desafio do desenvolvimento. É imprescindível preservá-la."
Antônio Corrêa de Lacerda, presidente da Sobeet -Sociedade Brasileira de Estudos de Empresas Transnacionais e da Globalização Econômica- e professor-doutor do Departamento de Economia da PUC-SP (São Paulo, SP)

Precatórios
"Em relação à carta da leitora Maria Hebe Pereira de Queiroz ("Painel do Leitor", 14/7), informamos que, no âmbito do Estado de São Paulo, desde 15 de abril de 2003 a lei estadual 11.377 possibilitou pagamento de obrigações de pequeno valor -assim consideradas as que atingem o valor de 1.135,28 Ufesps- em até 90 dias. Assim, quem tem uma dívida judicial a receber do Estado de valor até R$ 14.179 (por processo) é ressarcido em três meses. Só neste ano, o Estado pagou R$ 61.125.728,66 em precatórios alimentares e R$ 319.528.108,87 em não-alimentares, perfazendo um total de R$ 380.653.837,53. Isso sem contar que o valor despendido com as obrigações de pequeno valor (aquelas até 1.135,2885 Ufesps - R$ 14.179) foi de R$ 1.397.834,04 -que se encontram quitados até 2004. Vale ressaltar que, apesar da queda da arrecadação, o Estado de São Paulo pagou, entre 1995 e maio de 2004, R$ 6,09 bilhões em precatórios alimentares, não-alimentares, da administração direta e da administração indireta."
Marialice Dias Gonçalves, assessora de imprensa da Procuradoria Geral do Estado de São Paulo (São Paulo, SP)


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