São Paulo, quinta-feira, 17 de julho de 2008

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CLÓVIS ROSSI

Negócios? Nem legais

SÃO PAULO - Sergio Ramírez é um notável escritor nicaragüense, que se tornou revolucionário, lutou com a Frente Sandinista de Libertação Nacional contra a nefanda ditadura Somoza, elegeu-se vice-presidente e, afinal, rompeu com os companheiros, horrorizado com o nível de corrupção a que se dedicaram uma vez instalados no poder.
No auge do escândalo do mensalão, ele me disse uma frase que não me sai da cabeça: "Se eu fosse presidente, antes da posse chamaria todos os parentes e amigos e lhes diria que, durante o meu governo, não poderiam fazer negócios. Nem negócios legais".
O Brasil certamente seria um país melhor se o presidente Lula tivesse adotado o conselho. É incrível a quantidade de parentes, amigos e companheiros próximos do presidente envolvidos em negócios, talvez legais, talvez não, em um país em que jamais se esclarece definitivamente algo que implique política e políticos.
O filho do presidente envolveu-se em negócios, justamente na área de telefonia, que foi um dos focos de atuação de Daniel Dantas. Envolveu-se em negócios, vários aliás, o compadre do presidente, o advogado Roberto Teixeira. Aparece em "grampos", também relacionados ao caso da telefonia, o atual secretário-geral do PT, José Eduardo Cardozo, justamente o que assumiu a bandeira da decência em um partido marcado pelo rótulo de "organização criminosa".
Para não falar em Luiz Eduardo Greenhalgh, que, por tabela, envolveu nos seus negócios o lealíssimo braço direito do presidente, Gilberto Carvalho. Todos dizem que são negócios legais ou intervenções inocentes. Mas ajudaram a criar esse ambiente de pântano em que a República vive mergulhada.
PS - Graças a habeas corpus concedido pela Folha, fujo para 10 dias de férias.

crossi@uol.com.br


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